A vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, apanhada em flagrante na sexta-feira com “malas de dinheiro” na sua casa de Bruxelas, vai ficar em prisão preventiva.
A eurodeputada socialista grega é uma das pessoas que está a ser investigada pelas autoridades belgas por alegada corrupção, num esquema com ligações ao Qatar. A investigação ao Qatargate, como já está a ser chamado, continua, com a casa do eurodeputado belga Marc Tarabella a ser este domingo alvo de buscas.
Kaili, que já foi suspensa do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu e expulsa do partido grego PASOK, é acusada de “corrupção, lavagem de dinheiro e de participar numa organização criminosa”, de acordo com as informações avançadas pelo jornal belga Le Soir. O pai da eurodeputada de 44 anos, Alexandros Kailis, também terá sido apanhado na sexta-feira à saída de um hotel em Bruxelas a transportar uma mala de notas. Mas foi libertado.
Além da eurodeputada, antiga apresentadora da televisão grega, ficaram em prisão preventiva outras três pessoas, todas italianas: o seu companheiro, o assessor parlamentar Francesco Giorgi; o ex-eurodeputado socialista Pier-Antonio Panzeri (no cargo entre 2004 e 2019); e Niccolò Figà-Talamanca, da ONG No Peace Without Justice. Outro italiano, o presidente da Confederação Internacional de Sindicatos, Luca Vincentini, foi libertado com medidas de coação.
Em Itália, a mulher e a filha de Panzeri, Maria Colleoni e Silvia Panzeri, foram também detidas na sexta-feira, acusadas de cumplicidade, com um tribunal de Brescia a decretar ainda no sábado a prisão domiciliária de ambas. Segundo a agência italiana Ansa, ambas disseram em tribunal não ter conhecimento de nada.
Na sexta-feira, a polícia belga realizou buscas em 16 habitações em Bruxelas e nos arredores, apreendendo 600 mil euros em dinheiro, além de telemóveis e equipamento informático. Os investigadores suspeitam há vários meses que um país do Golfo possa estar a influenciar “as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu” – os procuradores nunca especificaram que era o Qatar, tendo essa informação sido avançada pelos media belgas.
A influência seria comprada “pagando avultadas somas de dinheiro e oferecendo presentes a figuras influentes no Parlamento Europeu”, segundo o comunicado dos procuradores. Os alegados subornos surgem numa altura em que o Qatar, que acolhe o Mundial de Futebol, tem tentado melhorar a sua imagem, após as críticas em relação ao respeito pelos Direitos Humanos e dos trabalhadores.
Kaili tinha estado recentemente no Qatar, onde reuniu com o ministro do Trabalho, tendo dito que o país do Golfo era um “pioneiro dos direitos dos trabalhadores”. Isto apesar das críticas internacionais às condições em que os estádios foram construídos. “O Estado do Qatar rejeita categoricamente qualquer tentativa de associá-lo a alegações de má conduta”, disse por e-mail um representante do país do Golfo ao site Politico, que tinha questionado sobre este escândalo.
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