Início » Consultora considera viável terminal de gás natural para centrais elétricas timorenses

Consultora considera viável terminal de gás natural para centrais elétricas timorenses

Lusa

A construção de um terminal de gás natural para fornecimento das centrais elétricas Timor-Leste, em alternativa ao atual diesel, é “técnica e economicamente viável”, segundo um estudo de viabilidade apresentado hoje à petrolífera Timor Gap

O estudo, realizado pela empresa Wood, considera que a região de Metinaro, a leste da capital, é a mais adequada para a construção de um terminal de importação de gás natural liquidificado (GNL) estimando que o investimento poderia rondar os 390 milhões de dólares (345 milhões de euros).

As opções foram apresentadas à direção da Timor Gap e a responsáveis de outras instituições timorenses, incluindo a Eletricidade de Timor-Leste (EDL), numa reunião à que a Lusa foi convidada a assistir.

Intervindo na apresentação do estudo de viabilidade, o ministro do Petróleo e Minerais, Victor Soares, sublinhou o impacto que o recurso a gás natural pode ter, tanto na poupança para o Estado como na redução dos impactos ambientais do consumo energético nacional.

“O uso de gás natural nas centrais elétricas ajudaria a alcançar reduções significativas nos custos de combustível e ao mesmo tempo contribuir para reduzir a emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera”, disse.

“Uma redução significativa dos gastos anuais com importação de combustível e conseguir menos impactos ambientais constitui um argumento forte para avançar no investimento necessário para a construção de um terminal de importação de GNL”, afirmou.

Soares recordou que o Estado tem gastado “centenas de milhões de dólares” na compra de diesel para alimentar as centrais elétricas do país, o que cada vez mais “exige uma solução alternativa e inovadora”.

Garantir a transição energética, disse, é por isso uma prioridade do Governo que está empenhado em estabelecer também uma unidade de armazenamento para garantir o fornecimento regular de combustível e em concluir os estudos para “começar a transição para uso do gás natural nas centrais”.

“O desenvolvimento de um terminal de importação de GNL num local recomendado por este estudo permitiria a entrega, armazenamento e a conversão para GNL de forma eficiente, económica e segura, e, subsequentemente garantir a sua entrega às centrais em Timor-Leste”, disse.

Também Antonio de Sousa, presidente da Timor Gap enfatizou a importância de encontrar “soluções inovadoras e fontes ambientalmente mais limpas” que ajudem a garantir a segurança energética nacional.

“Esta transição energética é prevista há muito e este estudo é o primeiro passo para concretizar a nossa visão de reverter a dependência em diesel”, afirmou.

Agora, disse, há que avaliar qual o melhor modelo económico que determine como o projeto será implementado”, enfatizou, sublinhando a importância de envolver várias instituições do Estado.

“Devemos trabalhar juntos para encontrar uma solução que tenha impacto socioeconómico na vida da população e do Estado, mas também garanta segurança energética como elemento central do nosso desenvolvimento”, disse.

Na apresentação do estudo, Maurício Naranjo, gestor de projetos da Wood, explicou que a empresa analisou desde abril do ano passado todas as opções para o investimento, incluindo identificação de locais de construção e opções a usar para o fornecimento.

Um trabalho, explicou, que recorreu a estudos prévios conduzidos pela Timor Gap e envolveu uma equipa multidisciplinar de especialistas, a quem coube analisar questões tão diversas como as condições marítimas e as opções de distribuição e armazenamento.

“A principal conclusão da nossa análise é Metinaro é a melhor localização par o projeto, tanto devido à proximidade a Dili e à central de Hera, como devido o crescimento populacional no norte o pais”, explicou Naranjo, referindo-se a questões como as melhores condições marítimas.

Ainda assim o estudo, a que a Lusa teve acesso, aponta alguns desafios com esta localização, incluindo a necessidade de ligar o terminal à central de Hera e o facto de não haver infraestruturas marítimas na zona.

O estudo sugere três opções diferentes de terminais, com vantagens e desvantagens e custos diferenciados, e aponta opções quer de arrendamento – com um custo que pode atingir os 324 milhões ao longo de 20 anos – quer de construção.

A empresa considera que o projeto de construção do terminal de importação de GNL é “técnica e economicamente viável”, apesar de identificar alguns “desafios”, incluindo o facto da capacidade de regaseificação necessária nas três centrais ser relativamente pequena.

Betano “não é uma opção atrativa devido ao pouco consumo energético, localização remota, dificuldades de acesso e mais limites em termos de infraestruturas” e Oecusse “não é viável devido à localização isolada”.

A empresa considera que há adequado fornecimento de GNL na região, mas recorda que a disponibilidade de pequenos fornecedores é mais limitada

“A questão do transporte a pequena escala é diferente do que seria a grande escala e por isso é um desafio encontrar fornecedores de GNL a pequena escala. há alguns fornecedores a operar na Indonésia, mas será necessário trabalhar com eles”, disse.

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!