O dono do Phoenix Suns, Robert Sarver, foi acusado de racismo e misoginia nesta quinta-feira, depois que uma reportagem da ESPN detalhou denúncias de um local de trabalho tóxico e hostil durante seus 17 anos no comando da equipe da NBA.
Sarver negou as acusações no mês passado, dizendo que a matéria até então não publicada foi baseada em “mentiras, insinuações e uma narrativa falsa” projetada para “atacar nossa organização”.
A reportagem, publicada no site da ESPN, surgiu de entrevistas com mais de 70 ex e atuais funcionários do Suns, a maioria não identificada, que disseram que Sarver repetidamente usou linguagem racista e conduta considerada misógina e inadequada.
– “Muito além dos limites” –
“O nível de misoginia e racismo está além dos limites”, disse sobre Sarver um coproprietário não identificado do time americano de basquete à ESPN. “É constrangedor como dono”, acrescentou.
Sarver supostamente usou um insulto racial em uma conversa com um treinador negro.
A ESPN divulgou que o dirigente, por meio de advogados, negou o uso de injúria racial e declarou: “A palavra ‘N’ (negro) nunca fez parte do meu vocabulário”.
O relatório aponta que a conduta de Sarver contribuiu para uma cultura no local de trabalho que afetou a maneira como outros executivos tratavam os funcionários.
O gerente-geral do Suns, James Jones, e o presidente da equipe, Jason Rowley, defenderam Sarver contra a ESPN.
Rowley afirmou que a história era “completamente ultrajante e falsa” e que Sarver “não é racista ou sexista”.
O porta-voz da NBA, Mike Bass, disse à ESPN que a liga “não recebeu nenhuma reclamação de má conduta do Suns”, enquanto a diretora executiva do sindicato dos jogadores da NBA, Michele Roberts, declarou à emissora que não tinha conhecimento de nenhum relato de qualquer jogador sobre má conduta no Suns.
A ESPN citou um funcionário não identificado do departamento de negócios dizendo: “Se o comissário viesse e investigasse, ele ficaria horrorizado.”
Vários funcionários do Suns lembraram que Sarver usava linguagem racista nas conversas, relatou a ESPN, que usou uma declaração de Sarver na qual diz que “não gosta de diversidade” quando se tratava da organização que comanda o Suns.
Alegações comprovadas de comportamento racista ou o uso de linguagem racista podem ter sérias implicações para qualquer proprietário de equipe da NBA.
Em 2014, o então proprietário do Los Angeles Clippers, Donald Sterling, foi multado em 2,5 milhões de dólares e banido para sempre da NBA após ser flagrado usando linguagem racista. Em seguida, a liga forçou a venda do time a novos proprietários.
Sarver, de 59 anos, comprou o Suns em 2004 por 401 milhões de dólares. A franquia agora tem valor estimado em 1,55 bilhão.
O Suns chegou às finais da NBA na temporada passada, quando perdeu para o Milwaukee Bucks, mas um atual executivo, que não quis se identificar, disse à ESPN que, apesar do sucesso nas quadras, “a cultura está mais baixa do que nunca”.