O encerramento de escolas há mais de um ano, devido à pandemia do novo coronavírus, privou de educação 434 milhões de crianças no sul da Ásia, acentuando “desigualdades alarmantes”, alerta a UNICEF num relatório publicado ontem
Antes da pandemia, quase 60% das crianças do sul da Ásia “com idades próximas dos 10 anos” não conseguiam ler ou entender um texto básico, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
O encerramento prolongado das escolas nesta região desde o início da pandemia do SARS-CoV-2 “piorou uma situação que já era precária”.
O fecho de escolas na Ásia privou de educação 434 milhões de crianças. “Raparigas, crianças de famílias mais desfavorecidas e crianças com deficiências têm enfrentado as maiores dificuldades em termos de ensino à distância”, declarou a agência da ONU.
Na Índia, 80% dos jovens de 14 a 18 anos entrevistados disseram que aprenderam menos do que quando frequentavam as aulas presenciais, de acordo com o relatório.
Cerca de 42% das crianças de 6 a 13 anos entrevistadas afirmaram não ter tido acesso ao ensino à distância.
Deepu Singh, um proprietário de quinta no Estado de Jharkhand, no leste da Índia, espera que as escolas reabram em breve, sobretudo por causa dos seus filhos, que não vão às aulas desde que a escola encerrou no ano passado e não têm acesso à internet.
“O futuro deles está em jogo. Quero que frequentem a escola”, disse Singh à agência de notícias AFP.
“Eu não posso fazer nada. Tenho que colocar comida na mesa. Não posso pagar um telemóvel”, disse o agricultor.
No Paquistão, 23% das crianças pequenas não têm acesso a nenhum dispositivo eletrónico para usufruir do ensino a distância, segundo o relatório, especificando que quando esse equipamento está ao alcance, apenas 24% consegue utilizar a tecnologia.
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