A representante comercial dos Estados Unidos teve uma reunião virtual esta quinta-feira (10) com um ministro taiwanês para discutir as relações comerciais entre Washington e Taiwan, desafiando as advertências da China.
Katherine Tai afirmou ao ministro taiwanês sem pasta John Deng “a importância da relação comercial e de investimentos entre os Estados Unidos e Taiwan”, segundo um comunicado emitido pelo seu gabinete.
Os dois comprometeram-se a reativar a instância encarregada do diálogo comercial bilateral, congelada desde 2016. Esta reunião ocorrerá “nas próximas semanas”, confirmou o escritório taiwanês de negociações económicas e comerciais através de comunicado.
Tai também “expressou o interesse persistente dos Estados Unidos em trabalhar com Taiwan” nas prioridades comuns “dentro das organizações multilaterais”.
O encontro ocorre depois do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmar na segunda-feira que os Estados Unidos iriam estabelecer “em breve” as “discussões com Taiwan” sobre “algum tipo de acordo-quadro” no campo comercial.
Isso despertou a ira da China, que considera Taiwan uma província rebelde e ameaça usar a força em caso de uma proclamação formal de independência ou uma intervenção externa.
O porta-voz do ministro chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, instou Washington a “deter qualquer forma de intercâmbios oficiais com Taiwan”.
Os Estados Unidos devem “tratar o assunto de Taiwan com cautela e se abster de enviar sinais errados às forças separatistas” da ilha, acrescentou.
Este foi o primeiro contacto de alto nível entre Taiwan e o governo de Joe Biden, visivelmente decidido a desafiar as advertências da China.
Taiwan saudou um diálogo “cordial e construtivo” e realçou o seu “importante papel na cadeia de abastecimento internacional”, atualmente sob forte pressão com a recuperação das grandes economias saindo da pandemia. Informou, ainda, que é “um sócio de confiança para os Estados Unidos”.
Tensões persistentes
Estados Unidos e China travam uma guerra comercial aberta em 2018 através de tarifas alfandegárias punitivas impostas pelo ex-presidente Donald Trump.
Biden retomou este confronto com Pequim e denuncia sistematicamente “a autocracia” chinesa.
A representante taiwanesa nos Estados Unidos foi convidada à cerimónia de posse do presidente democrata em janeiro, o que não acontecia desde que Washington rompeu relações diplomáticas com Taiwan em 1979 para reconhecer Pequim como representante oficial da China.
Os Estados Unidos são o principal aliado de Taiwan e o seu maior fornecedor de armas.
Nos últimos meses, Washington vem advertindo reiteradamente a China contra qualquer tentativa de mudar “pela força” o status quo em relação a Taiwan.
“Taiwan deve ter os meios para se defender”, disse Antony Blinken na segunda-feira. “Continuamos a fornecer equipamentos a Taiwan com este fim”, acrescentou.
Em Washington, multiplicam-se os apelos para que o governo se comprometa publicamente em defender militarmente a ilha em caso de agressão chinesa.