O presidente em exercício do Conselho de Ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestou esta semana a abertura da organização para apoiar Moçambique face à violência armada em Cabo Delgado
“A organização coloca-se à disposição do Governo moçambicano para aquilo que for necessário”, disse Rui Alberto de Figueiredo Soares, citado num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique.
Rui Alberto de Figueiredo Soares, que é ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Cabo Verde, manifestou a abertura da CPLP durante uma videoconferência com a chefe da diplomacia moçambicana, Verónica Macamo.
A violência armada em Cabo Delgado começou há uma mão cheia de anos, mas ganhou uma nova escalada há duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural.
Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, de acordo com dados das Nações Unidas, e com cerca de 2.500 óbitos desde o início do conflito, segundo contas feitas pela Agência Lusa.
Os grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista ‘ Estado Islâmico.
O ataque a Palma levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás em construção na península de Afungi, com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
Entretanto, a consultora Pangeas-Risk considerou que os insurgentes no norte de Moçambique estão a preparar um ataque a Pemba e deverão, nas próximas semanas, insistir no controlo de Palma, que está “vulnerável a novos ataques”.
“Vai haver um vazio de segurança em Cabo Delgado no próximo mês, senão nos próximos, o que deixa quer Palma, quer outras localidades na província, expostas a mais ataques dos militantes”, escreve a consultora numa nota dedicada à violência no norte de Moçambique.
Na análise, estes consultores lembram que em outubro e em março, juntamente com outras consultoras de risco, alertaram para a probabilidade de um ataque a Palma e dizem que não foram ouvidos.