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Sempre às ordens, pelas ordens

Paulo Porto FernandesPaulo Porto Fernandes*

Nos últimos meses temos acompanhado um espetáculo mediático por parte das ordens profissionais dos enfermeiros e dos médicos, as quais aproveitam o momento pandémico para ter um protagonismo que noutros tempos não teriam. Entretanto, este protagonismo teria um impacto positivo se estas atuassem em colaboração com os diversos atores no combate à pandemia causada pela Covid-19.

Não obstante a liberdade de opinar e exercer a defesa dos interesses dos profissionais que representam, esta publicidade corporativa é alternada diariamente entre a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Médicos, por vezes com seus representantes envolvidos em declarações polémicas e pouco “politicamente corretas”. Mas sempre com posicionamentos contrários a qualquer tipo de ação relacionada com a área da saúde, e em alguns casos até a “julgar a tudo e a todos” e a “colocar-se acima do bem e do mal”,  ao contrário de outras Ordens profissionais, como a dos engenheiros, dos advogados e outras que têm uma atuação construtiva quando o momento merece apoio e crítica quando necessário, mas sempre a defender os interesses dos seus profissionais associados e a sociedade, sempre a cumprir os objetivos para os quais foram constituídas.

A Ordem dos Médicos na sua postura extremamente fechada, tenta passar uma imagem de que “tudo faz para primar pela qualidade da medicina no país”. Esta postura inflexível dificulta ao máximo que médicos portugueses e estrangeiros formados no exterior possam trazer seus contributos ao sistema de saúde português, nomeadamente em algumas especialidades tão carenciadas em Portugal, tais como a ortopedia e oftalmologia que há anos não incorpora profissionais formados fora do país.           

No caso da enfermagem, valorizar e dar oportunidade a todos os profissionais (sejam nacionais ou estrangeiros) é imperioso, principalmente neste momento pandémico. A Ordem destes profissionais poderia se escusar de ser um entrave às soluções apresentadas e passar a ter uma postura colaborativa e humanitária, “designadamente nas ações tendentes ao acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde e aos cuidados de enfermagem”, conforme enumera o Estatuto da Ordem dos Enfermeiros.

Todo este “bombardeamento” mediático negativista leva-nos a refletir sobre qual seria a função destas “Ordens” profissionais e seus verdadeiros objetivos, seja perante os profissionais que representam seja em relação ao verdadeiro papel que desempenham perante sociedade.  

*Deputado do Partido Socialista português

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