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Maioria dos portugueses que residem no Reino Unido são contra o Brexit

O processo do Brexit introduziu incertezas no futuro migratório dos migrantes da União Europeia que vivem no Reino Unido. Investigadoras do Observatório da Emigração escalpelizam a questão e concluem que o fenómeno pode travar o fluxo de portugueses em terras de sua majestade

O artigo academico “O Brexit e os emigrantes portugueses no Reino Unido”, da autoria de Raquel Xavier Rocha, Jennifer McGarrigle e Alina Esteves, revelado ontem pelo Observatório da Emigração explora as representações que os emigrantes portugueses residentes no Reino Unido fazem sobre a saída do país da União Europeia e a forma como o Brexit alterou as suas aspirações migratórias.

Para as investigadoras, “os portugueses residentes no Reino Unido delinearam planos num contexto de falta de garantia acerca dos direitos futuros de residência no país e, apesar de os rendimentos anuais, o grau de instrução e o tempo de residência se terem revelado determinantes na forma como experienciam e reagem ao Brexit, este não alterou as aspirações migratórias e planos de vida dos emigrados no Reino Unido”.

Na sua maioria (81%), os portugueses residentes no Reino Unido são contra a saída do país da União Europeia. Os restantes 19%, que abarcam indíviduos menos qualificados e com salários mais baixos, “são mais influenciados pelo sensacionalismo dos media”, conclui a investigação.

O mesmo estudo revela que a comunidade portuguesa, em particular indivíduos em situação económica mais desfavorável, acredita sentir os efeitos do Brexit desde 2018. “São os emigrantes que se encontram em situações económicas mais precárias que, em primeiro lugar, menos têm possibilidades financeiras e apoio social para provar a residência no país e, em segundo, aqueles cuja permanência no país mais fica em risco se o novo regime migratório der, conforme se prevê, prioridade aos imigrantes qualificados e com melhor estatuto socioeconómico”, pode ler-se no documento publicado ontem pelo Observatório da Emigração.

Ainda assim, defendem as investigadoras, “a maioria dos respondentes não considera adotar medidas de resistência ao Brexit”, considerando que “a oposição à adoção de medidas de protesto contra o Brexit talvez seja resultado do carácter temporário”.

Por outro lado, o Reino Unido continua a ser um país desejado no mundo inteiro. Os portugueses continuam a procurá-lo pelos seus salários, bem superiores aos de Portugal. Outros, quiçá movidos pelo objetivo de alcançar determinado estatuto socioeconómico e/ou ambição profissional, procuram o país através da mobilidade europeia, normalmente espontânea e temporária.

Também um terço dos inquiridos, conclui o estudo académico, mostram-se favoráveis à sua saída do Reino Unido em consequência do Brexit, “revelando que os mais instruídos e com melhores rendimentos são os mais propensos a sair do Reino Unido”.

Ao mesmo tempo, cerca de metade deseja permanecer no país até à saída oficial da União Europeia e os restantes tendem a aguardar novos progressos nas negociações antes de tomar uma decisão, sendo que 80% dos inquiridos optam pela permanência em terras de sua majestade até março do próximo ano. De notar que o número de inquiridos que optou pela abordagem “esperar para ver” fá-lo “por um sentimento de insegurança”.

As aspirações migratórias dos portugueses no Reino Unido, que nos últimos anos são maioritariamente de natureza europeia, jovem, qualificada, com espontaneidade e imprevisibilidade, as académicas acreditam e concluem que o Brexit “representa uma ameaça à continuação destes fluxos portugueses para o Reino Unido”.

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