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Pandemia está a causar mais mortes de portugueses em casa

Ana Mafalda Inácio

Os alarmes soaram assim que o INE começou a publicar os dados sobre mortalidade em Portugal.

De 2 de março até 1 de novembro, morreram mais 8686 portugueses, quase seis mil fora do contexto hospitalar. Para o diretor do maior serviço hospitalar de medicina interna do país, Jorge Almeida, a principal causa de morte é as pessoas “não procurarem cuidados de saúde”.

Há quem diga que a covid-19 tem uma marca muito forte associada à morte, à solidão da morte, de quem parte e de quem fica, por não haver a proximidade da despedida. Mas a pandemia está a deixar agora mais uma marca na morte, a do medo. “O medo de ir ao hospital para não serem infetados com a covid”, dizem-nos. Mas esse medo já se está a traduzir em mais mortes em casa, ou fora do contexto hospitalar.

De acordo com os dados agora publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), nestes meses oito meses morreram 77.249 portugueses, mais 8686 óbitos do que no mesmo período homólogo, dos últimos cinco anos, e, destes, 31.124 morreram fora dos hospitais, mais 5817 do que o registado também no período entre 2015 e 2019. “Mais de dois terços do acréscimo de óbitos entre 2 de março e 1 de novembro, relativamente à média dos últimos cinco anos, ocorreu fora dos hospitais”, conclui o INE.

Os dados do INE são recolhidos através das certidões de óbito não referindo causas ou locais, mas ao DN o médico Jorge Almeida, diretor do maior serviço de medicina interna do país, que integra o Hospital São João, no Porto, explica: “A maioria morreu em casa, porque só uma ínfima parte das mortes ocorrem na rua ou em instituições.”
Um cenário que já nada tem a ver com o que se considera habitual. “A maioria das pessoas morre hoje nas enfermarias dos hospitais”, sustenta Jorge Almeida, mas “quando passámos março e abril e começámos a ver camas vazias percebemos que os doentes não estavam a vir aos hospitais para se tratarem”, argumenta.

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