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Aliados de opositor russo reivindicam vitórias simbólicas nas eleições regionais

Romain Colas

Os aliados do opositor russo Alexei Navalny, vítima de um suposto envenenamento, reivindicaram este domingo vitórias simbólicas em duas cidades da Sibéria nas eleições regionais, marcadas, segundo observadores independentes, por uma série de irregularidades.

Em 41 das 85 regiões russas, eleitores foram convocados a eleger os governadores, representantes nas assembleias regionais ou municipais e quatro deputados para o Parlamento nacional.

Em Novosibirsk, terceira maior cidade do país, a equipe de Navalny reivindicou a vitória de Serguei Boiko. Em Tomsk, outra cidade siberiana, a oposição reivindicou a conquista de duas cadeiras no conselho municipal. 

Uma vitória em Tomsk seria simbólica para a oposição, já que foi onde ocorreu o envenenamento de Navalny, segundo aliados. Os resultados oficiais nas duas cidades, bem como no restante do país, serão anunciados nesta segunda-feira.

Em um contexto econômico e social difícil, com acusações de corrupção e uma reforma das pensões polêmica, a popularidade do partido de Vladimir Putin despencou, a um ano das eleições legislativas. O governista Rússia Unida deveria obter a grande maioria das cadeiras em jogo.

‘Voto inteligente’

As eleições são realizadas desde sexta-feira, por vezes em centros de votação móveis e ao ar livre, oficialmente para limitar os riscos de transmissão do novo coronavírus. Este foi o caso do referendo constitucional do verão local, que permitiu a Vladimir Putin permanecer no poder até 2036.

Para a oposição, estas medidas dificultam o trabalho dos observadores e favorecem fraudes. Segundo a presidente da Comissão Eleitoral Central, Ella Pamfilova, estas acusações “não são objetivas, e sim bastante maliciosas”.

A ONG Golos denunciou “a arbitrariedade” dos responsáveis por vários centros de votação, que se recusam, principalmente, a registrar as denúncias de observadores.

Em Novosibirsk, Serguei Boiko, que lidera uma coalizão opositora com o apoio de Navalny, disse à AFP neste domingo que houve muitas infrações e citou um local de votação onde os funcionários “excluíram os nossos observadores”. 

“E no cofre que contém as cédulas dos dois primeiros dias de votação, os lacres estão quebrados. Alguém teve acesso às cédulas… isto certamente alimenta suspeitas de falsificações”, disse.

“As pessoas têm uma demanda crescente de mudança. Não querem ver as mesmas pessoas no poder, nas quais perderam a confiança há muito tempo”, declarou Alexander Surov, 20, militante da equipe de Navalny em Novosibirsk.

Damir Adgamov, 26, contou que votou na oposição depois que viu as investigações de Navalny que denunciam a corrupção envolvendo a elite política. “Talvez novas ideias possam mudar as coisas”, disse.

As eleições regionais representaram uma oportunidade para a organização de Navalny testar sua tática do “voto inteligente”, que consiste em pedir votos para o candidato em melhor posição para derrotar o aspirante do governo.

O método deu resultado no verão passado, nas eleições municipais em Moscou, em que o Rússia Unida perdeu muitas cadeiras. “Qualquer vitória frente ao Rússia Unida enfraquece a posição do presidente Putin”, estimou hoje o braço direito de Navalny, Leonid Volkov.

Envenenamento em plena campanha

A estratégia foi elaborada por Alexei Navalny, principal adversário do Kremlin, que ficou gravemente doente em agosto, durante uma visita à Sibéria para apoiar candidatos da oposição e investigar a corrupção da elite local. Ele continua hospitalizado em Berlim.

De acordo com os médicos alemães, Navalny foi envenenado na Rússia com um agente nervoso do tipo Novichok, uma substância criada no período soviético para fins militares. O opositor de 44 anos saiu do coma na segunda-feira passada.

A comunidade internacional pediu explicações às autoridades russas e a responsabilização judicial dos envolvidos. O Kremlin, porém, questiona a versão do envenenamento e denuncia acusações infundadas, apesar da ameaça de sanções.

Simpatizantes da oposição foram alvos de ataques, pressões e ameaças ao longo da campanha.

Além do Rússia Unida, Partido Comunista e LDPR (nacionalistas), outros quatro novos partidos participaram das eleições de hoje, foramados com a ajuda do governo, segundo a oposição, para dividir o eleitorado opositor.

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