A disseminação dos protestos da Black Lives Matter pelos EUA reflete um acerto de contas social generalizado, com demonstrações sustentadas em centenas de cidades – de Nova Iorque a Farmington, Missouri – a mostrarem indignação com o racismo contra afro-americanos
Enquanto as linhas de batalha entre aqueles que buscam uma maior igualdade na aplicação da lei e aqueles que resistem às restrições policiais são evidentes a partir de um olhar diário das manchetes nos EUA, a morte de George Floyd às mãos da polícia de Minneapolis no mês passado – e a revolta que se seguiu – atormentaram a comunidade asiática de formas, mais ou menos, complexas.
Contra o pano de fundo da pandemia do novo coronavírus que provocou violência direcionado a asiáticos-americanos, bem como um rápido desdobramento das relações EUA-China sobre questões comerciais e de segurança nacional, muitos na comunidade foram motivados ou obrigados a falar sobre discriminação racial quando os americanos começaram a sair às ruas.
“Esta é a tempestade perfeita”, começou por dizer Frank Wu, presidente do Queens College da City University de Nova Iorque. “Existe uma divisão racial entre o preto e o branco. Além disso, existe uma guerra comercial, cultural, uma guerra fria e algumas pessoas prevêem – pessoas que não são loucas – uma possível guerra de a sério”.
“Os asiáticos-americanos estão no debate querendo ou não”, acrescentou Wu. “Não existe meio termo, porque se alguém disser que não vai tomar partido, as pessoas interpretarão isso como tomar partido”, acrescentou.
Embora as comunidades asiáticas tenham apoiado em grande parte as manifestações a pedir reformas na aplicação da lei e outras medidas que impediriam mortes como as de Floyd, Breonna Taylor, Ahmaud Arbery e outros negros americanos, surgiram disputas sobre quem é cúmplice.