Quatro a cada cinco jovens na Faixa de Gaza sofrem de problemas emocionais, como depressão, informou nesta quarta-feira a ONG Save the Children, alertando para a deterioração da saúde mental no enclave palestino após 15 anos de bloqueio israelense
A ONG afirma em seu estudo que “o bem-estar mental das crianças, jovens e seus acompanhantes se deteriorou consideravelmente desde um relatório semelhante elaborado em 2018, com um aumento do número de crianças que apresentam problemas emocionais de 55% para 80%”.
A ONG britânica revela sintomas de depressão, ansiedade, medo e pensamentos suicidas no relatório atual, baseado em pesquisas com 488 jovens de 12 a 17 anos e 160 pais, e divulgado por ocasião dos 15 anos do bloqueio decretado por Israel em resposta à chegada do movimento islamita Hamas ao poder no enclave palestino.
A Save the Children lamenta a falta de perspectivas de mudança para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza, 47% deles menores. Entre esses últimos, 800.000 não conheceram a vida antes do bloqueio israelense.
“As crianças disseram que vivem em um estado permanente de medo, preocupação, tristeza e sofrimento, à espera do próximo ciclo de violência”, disse Jason Lee, representante da ONG nos Territórios Palestinos.
Para a organização Human Rights Watch (HRW), o bloqueio “destruiu a economia de Gaza, contribuiu para a fragmentação do povo palestino e participou de crimes contra a humanidade de apartheid e perseguição das autoridades israelenses a milhões de palestinos”.
“Os jovens são os mais prejudicados, porque não conheceram Gaza antes do bloqueio. Seu horizonte se reduz forçadamente a uma faixa de terra de 40 por 11 quilômetros, o que limita suas opções de interação com o mundo e suas oportunidades”, ressaltou o diretor da HRW para Israel e a Palestina, Omar Shakir.
Gaza se converteu em uma “prisão a céu aberto”, denunciou Shakir, que também culpou o Egito, que restringe o acesso dos habitantes de Gaza ao seu território.