Aprender como guardar e investir recursos ganha ainda mais relevância diante do impacto no orçamento familiar.
A pandemia de Covid-19 atingiu em cheio a saúde financeira dos brasileiros. Segundo pesquisa Datafolha, quase metade da população (46%) viu sua renda cair no ano passado, o que levou a um outro problema também agravado durante a crise sanitária: o endividamento.
De acordo com uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o percentual de pessoas endividadas no país alcançou o maior patamar em abril de 2021. Após subir pelo quinto mês consecutivo, o índice chegou a 67,5% das famílias, mesmo número registrado em agosto de 2020, quando foi recorde.
Em um cenário de comprometimento do orçamento familiar, a importância da educação e do planejamento financeiro é ainda maior, como argumentam os especialistas que participaram do seminário Saúde Integral promovido pela Folha na segunda-feira (31), com patrocínio da SulAmérica.
Para Gabriela Chaves, economista e fundadora da NoFront, plataforma de educação financeira voltada para a população negra e periférica, aprender a organizar os próprios recursos faz muita diferença em momentos de crise, especialmente entre os mais pobres.
Ela cita exemplos de ex-alunos da plataforma que deram início a um planejamento financeiro e conseguiram guardar dinheiro pela primeira vez na vida, o que os ajudou a reduzir os efeitos da desaceleração econômica.
“Existe uma massa de pessoas que foi muito impactada pela pandemia, sobretudo os trabalhadores informais e da área de serviços, que tiveram queda de renda expressiva em um momento em que produtos essenciais estão mais caros. Nesse contexto, a educação financeira é importante para trazer um horizonte de possibilidade para essas pessoas”, diz.
Segundo ela, saber como controlar as despesas de forma eficiente é algo que deveria ser visto, inclusive, pela perspectiva da saúde mental.
“A maior parte da população vive numa escassez muito grande, o que gera uma ansiedade permanente. São pessoas que vendem o almoço para pagar a janta. O conhecimento financeiro funciona como redutor dessas angústias. À medida que elas entendem as ferramentas disponíveis, seus direitos, a quem podem recorrer, a relação com o próprio dinheiro muda. Sai de um lugar de ansiedade para um lugar de responsabilidade.”
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