Relatório recente do Banco de Moçambique coloca a nú as fragilidades do país
A dívida pública de Moçambique passou de 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 para cerca de 120 por cento atualmente. Um relatório recente sobre Riscos Fiscais, divulgado pelo Banco de Moçambique, refere que a dívida pública do país continua elevada e acima dos indicadores de sustentabilidade recomendados para países de baixo rendimento.
Para o economista Egas Daniel, ouvido pelo portal Voa Português, o facto da dívida moçambicana situar-se na casa dos 120% do PIB tem como direto impacto o desvio de recursos que deveriam ser usados para o desenvolvimento do país e isso está a ter um impacto nefasto na vida dos moçambicanos. “A alta percentagem da dívida sobre o PIB significa o desvio de recursos e o alto serviço da dívida acaba ditando a necessidade de financiamento do orçamento do Estado, muitas vezes com recurso ao endividamento interno,” refere.
O economista refere ainda que o setor privado é o mais afetado pela insustentabilidade da dívida pública. “Na verdade isso acaba a resultar na questão do Estado concorrer com o sector privado para obter recursos internos para financiar o seu próprio financiamento”, indica, lembrando que dessa forma muito dificilmente as taxas de juro baixam.
Agostinho de Machava, outro economista ouvido, também defende que o alto indevidamente de Moçambique está a ter impacto severo no custo de vida dos moçambicanos.
Para o economista do Centro da Democracia e Desenvolvimento, membro da Fórum de Monitoria do Orçamento, “o que piora a situação de estarmos altamente endividados é que o dinheiro que foi pedido para contrariar essa dívida não foi aplicado para resolver questões estruturantes dos pais”.
Moçambique, lembra ainda Machava, acumula déficits orçamentais a cada ano que passa, eisso reflecte-se no investimento direto estrangeiro, algo que está a agravar-se com o impacto da pandemia de Covid-19.