Dez membros da tribo dos grandes andamanenses, que vivem nas ilhas Andaman, no oceano Índico, contraíram o novo coronavírus, anunciaram na quinta-feira as autoridades indianas, o que preocupa o futuro da população indígena. A tribo, constituída por apenas cerca de cinquenta pessoas que vivem na pequena Ilha do Estreito, é totalmente dependente do governo indiano para a sua sobrevivência.
O território das Ilhas Andaman e Nicobar, que separa a baía de Bengala do mar de Andaman, tem uma população de 400.000 habitantes e conta oficialmente com 2.268 casos de novo coronavírus tendo já sido registadas 37 mortes.
As autoridades indianas enviaram uma equipa médica para a Ilha do Estreito no domingo para avaliar a situação depois de seis membros da tribo testaram positivo em Port Blair, a capital do território.
Alguns membros da tribo costumavam viajar para Port Blair, onde trabalhavam no serviço público: “A equipa testou 37 amostras e descobriu que quatro membros da tribo testaram positivo. Foram hospitalizados”, disse à agência AFP Avijit Ray, um oficial indiano.
Estima-se que 5.000 grandes andamanenses viviam quando os colonos britânicos chegaram ao arquipélago no final do século XIX, que inclui ainda outras tribos.
Centenas de pessoas foram mortas na defesa do seu território e milhares sucumbiram a doenças importadas como gripe e sarampo, segundo a Survival International, organização de defesa dos povos indígenas e com sede em Londres.
A preocupação permanece para as tribos de Andaman, devido ao contacto com outras populações.
Na semana passada, oito pescadores foram presos por entrar ilegalmente no território jarawa, informaram os meios de comunicação indianos.
Em 2018, um missionário norte-americano que queria converter o povo caçador-coletor sentinela, estimado em 150 pessoas, foi morto enquanto viajava ilegalmente para a Ilha Sentinela do Norte, à qual o Estado indiano não tem acesso.
O corpo do missionário nunca foi recuperado.
Nas últimas décadas, as tentativas de contacto do mundo exterior encontraram hostilidade e rejeição violenta daos indígenas.
“As autoridades de Andaman devem agir urgentemente para evitar que o vírus infete mais grandes andamanenses e evite a contaminação de outras tribos”, disse Sophie Grig, da Survival.
Com mais de três milhões de casos registados, a Índia é oficialmente o terceiro país mais afetado pelo novo coronavírus, depois dos Estados Unidos e do Brasil.
Cerca de 60.000 pessoas morreram de covid-19 na Índia.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 820 mil mortos e infetou mais de 23,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.