O regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, também quintiplicou as vítimas de tortura num ano: de 109 em 2018 para 574 o ano passado. Os dados são da ONG Provea, que adianta também terem sido mortas 1324 pessoas pelas forças policiais de janeiro a maio deste ano, em plena pandemia
Entre janeiro e maio deste ano, em plena “quarentena radical” ordenada pelo Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foram mortas 1324 pessoas pela intervenção das forças de segurança do regime, o que dá uma média de 264 vítimas por mês. Por cada polícia morto, há 94 civis que perderam a vida, noticia hoje o jornal espanhol El País, citando dados da ONG Provea, uma das mais relevantes no continente americano.
Um em cada três assassinatos ocorridos durante a quarentena foi provocado por polícias ou militares na Venezuela, registou a ONG. “A natureza do conflito venezuelano está a mudar durante o estado de emergência. Maduro aproveitou o contexto para aumentar os mecanismos de controlo”, avalia Rafael Uzcátegui, coordenador da Provea.
Por outro lado, o número de vítimas de tortura quintiplicou no espaço de um ano: de 109 em 2018 para uns impressionantes 574 no ano passado. Em 23 dessas 574 vítimas a causa direta das mortes foi tortura e maus tratos. Entre eles figura o nome do capitão Rafael Acosta, assassinado na sede principal da Direção de ContraInteligência MIlitar (DGCIM) da Venezuela, o maior centro de torturas do continente.
“É um número recorde. Pela primeira vez na nossa História registamos mais de 500 casos de torturas, vítimas de delitos contra os direitos humanos. Constitui um aumento de 526% em relação a 2018”, comentou, em declarações ao El País, Intí Rodriguez, investigador da Provea.
Apesar destes dados, os venezuelanos “têm muito medo de denunciar” e “têm desconfiança nas instituições do Estado”, assinala Rodriguez.
Entre 2010 e 2018, sob os regimes de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, morreram 23.688 pessas por ação das forças governamentais.