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A Índia pode perder o lugar de superpotência dos call centers por causa da pandemia

Rute Coelho

A resposta tardia da Índia à pandemia de Covid-19 fez com que muitas companhias internacionais deslocassem os seus negócios para outros países. A Polónia, a maior potência europeia em outsourcing, está a tentar ocupar o lugar da Índia, noticia o Financial Times

A forma caótica como a Índia decretou o confinamento obrigatório, no final de março, levou muitas companhias internacionais a considerarem a necessidade de deslocar os seus call centers de Nova Deli para outras paragens. O desafio para os operadores indianos agora em teletrabalho revela-se enorme por causa da falta de infraestruturas e dos constantes cortes de energia elétrica e de serviço de internet.

A Polónia, a maior potência europeia em serviço de call centers e outsourcing, e um dos países no top 5 mundial nesta área, é o Estado rival da Índia com mais condições para aproveitar a vaga do gigante asiático, refere o Financial Times.

“Acredito que as grandes companhias vão pensar: ‘Se nós operamos a nível global também temos de ter a nossa força laboral distribuída de uma forma mais uniforme”, afirmou ao jornal um gestor de um grupo de informática que tem operações na Polónia e na Índia.

“Os operadores indianos em outsourcing não têm internet rápida em casa porque é muito caro por isso tivémos de lhes providenciar cartões SIM, portáteis e pagar a suas contas de telefone para que possam trabalhar remotamente”, explicou ao Financial Times um executivo do Deustsche Bank.

A Polónia ainda não consegue competir com a Índia ou as Filipinas nos custos com a mão de obra. Em contrapartida, está a aliciar as multinacionais que escolhiam a Índia por ser “barato” com as vantagens de ser um membro da União Europeia e de ter uma força laboral educada e multilínguas, para além de boas infraestruturas. Por outro lado, os operadores polacos mudaram numa semana para o regime de teletrabalho sem quaisquer problemas, o que é outra vangagem.

Jacek Levernes, co-fundador do ABSL, uma empresa polaca multiserviços, explicou que a indústria polaca mudou 95% do pessoal para o teletrabalho no espaço de uma semana, enquanto em alguns “hubs” asiáticos foram precisas largas semanas para atingir 60 a 80% do trabalho remoto. “Para mudar as coisas do Reino Unido para a Polónia, qualquer empresa poupa 50%. Se mudar para a Índia a poupança é na ordem dos 70 a 75%”, afirmou o empresário. “Mas a diferença hoje é que esta não é apenas uma crise financeira. A resiliência passa a ser um fator a ter em conta”.

Segundo adiantaram vários executivos polacos ao Financial Times, alguns operadores polacos de serviços partilhados assumiram trabalho que os colegas indianos deixaram de conseguir assegurar durante a pandemia.

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