O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instou nesta terça-feira (10) os líderes do Afeganistão a se unirem e “lutar pela sua nação” contra os insurgentes talibãs e reforçou que “não lamenta” concluir a retirada de tropas americanas do país.
“Os líderes afegãos têm que se unir. Têm que lutar por si próprios” contra os talibãs, disse Biden à imprensa. “Não lamento minha decisão” de retirar até o próximo 31 de agosto os últimos contingentes de efetivos americanos presentes neste país após duas décadas de guerra, acrescentou.
“Gastámos mais de 1 bilhão de dólares em vinte anos, a treinar e equipar (…) mais de 300.000 soldados afegãos”, explicou Biden, que garantiu de qualquer forma que as autoridades americanas “vão manter a sua promessa” de continuar a apoiar o exército afegão logística e financeiramente.
Desde que o presidente democrata anunciou o prazo limite há aproximadamente um mês, os talibãs têm ocupado terreno de forma constante no plano militar.
Apoderaram-se de duas novas capitais provinciais afegãs nesta terça-feira (Farah no oeste e Pul-e Khumri no norte), das quais os civis fugiram em massa.
Na mesma linha que Biden, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, destacou nesta terça que as forças armadas afegãs são “muito superiores em número” aos talibãs e que têm “o potencial de infligir baixas mais importantes”.
“Esta ideia de que o avanço dos talibãs não pode ser detido (…) não é a realidade no terreno”, avaliou.
No entanto, após rápidas ofensivas, os talibãs controlam oito das 34 capitais provinciais do Afeganistão, inclusive seis de nove no norte do país. Os combates continuam nas outras três capitais restantes.
Também continuaram fortalecendo seu controle ao redor de Mazar-i-Sharif, a maior cidade do norte. Se terminar caindo em suas mãos, o governo afegão já não teria nenhum controle no conjunto desta região, que tradicionalmente se opõe ferozmente aos talibãs.