A Comissão dos Direitos do Homem das Nações Unidas foi instada pela organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) a investigar o desaparecimento de um jornalista moçambicano, a 7 de Abril, na província de Cabo Delgado. Ibraimo Mbaruco, repórter da Rádio Comunitária de Palma, desapareceu no norte de Moçambique e as investigações sobre o seu paradeiro têm-se revelado inconclusivas.
De acordo com uma notícia avançada pela Voz da América, Arnaud Froger, responsável da RSF para o continente africano pediu, esta sexta-feira num comunicado, uma “investigação independente e imparcial” ao desaparecimento de Ibraimo Mbaruco. Na nota de imprensa, Froger aponta o dedo às autoridades moçambicanas e sustenta que “o silêncio das autoridades sobre este caso” tem sido “insuportável para a família”. O responsável adianta ainda que organização está determinada a descobrir o que acontece com Mbaruco.
Na nota de imprensa publicada na sexta-feira, o responsável pela Repórteres Sem Fronteiras em África lembra que a província de Cabo Delgado foi palco de agressões, detenções e ataques contra outros jornalistas e interroga-se sobre o paradeiro do jovem repórter da Rádio Comunitária de Palma: “Ibraimo Mbaruco está morto? Quem eram os soldados que o cercavam quando escreveu a sua última mensagem? Está detido, e se sim, por que razões? Há muitas questões a que as autoridades moçambicanas devem responder”, sublinha Arnaud Froger.
Ibraimo Mbaruco desapareceu a 7 de Abril e uma semana depois as autoridades moçambicanas revelaram que dispunham de informações que davam conta da morte do jornalista. As alegações nunca chegaram, no entanto, a ser confirmadas.
O desaparecimento de Mbaruco chegou à Assembleia da República a 21 de Maio, dia em que a Procuradora-Geral da República afirmou, perante o hemiciclo, que o processo se encontrava ainda em fase de instrucção preparatória.
O comando provincial das forças de segurança da província de Cabo Delgado mantém o silêncio sobre o paradeiro de Ibraimo Mbaruco. De acordo com a Voz da América, a representação em Moçambique do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA-Moçambique) vai continuar a fazer pressão sobre as autoridades moçambicanas para que o desaparecimento e Mbaruco seja esclarecido. Ernesto Nhanale, director-executivo da MISA-Moçambique, entidade de defesa da liberdade de imprensa na África Austral, adiantou que está em curso um novo inquérito sobre o desaparecimento do jovem repórter.
Citados pela Voz da América, os familiares de Ibraimo Mbaruco dizem-se desiludidos com o que consideram ser o silêncio “assustador e desumano” a que as autoridades provinciais estão a votar o desaparecimento do jornalista da Rádio Comunitária de Palma: “Estamos preocupados, passa muito tempo (do desaparecimento)”, disse o irmão do repórter, Juma Mbaruco.
A União Europeia, a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch são outras das entidades que manifestaram a sua preocupação com a forma como o desaparecimento de Mbaruco está a ser abordado. As três organizações pedem às autoridades moçambicanas que esclareçam o caso.