No Brasil, 9,7 milhões de trabalhadores ficaram sem a sua remuneração no mês de maio, em plena pandemia de covid-19 no país, informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o instituto, esse valor corresponde a mais da metade (51,3%) das 19 milhões de pessoas que estiveram afastadas do seu trabalho, e a 11,7% da população empregada do país, que totalizava 84,4 milhões de cidadãos.
As informações são da primeira divulgação mensal da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) covid-19, realizada pelo IBGE e com apoio do Ministério da Saúde, visando identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e quantificar as pessoas com sintomas associados à covid-19.
“Nós já sabíamos que havia uma parcela da população afastada do trabalho, e agora sabemos que mais da metade dela está sem rendimentos. São pessoas que estão (…) com salários suspensos. Isso não é favorável e tem efeitos na massa de rendimentos gerada, que está estimada abaixo de 200 mil milhões de reais (33,4 mil milhões de euros)”, avaliou o diretor adjunto de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo.
O estudo mostrou que das 19 milhões de pessoas afastadas dos seus trabalhos, 15,7 milhões foram mandadas para casa devido a medidas de distanciamento social.
Além disso, a faixa etária com maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi a de 60 anos ou mais: 27,3%.
Trabalhadores domésticos sem contrato de trabalho foram os mais afetados, registando a maior percentagem de cidadãos sem trabalho devido à pandemia (33,6%), seguidos pelos empregados do setor público sem contrato (29,8%) e pelos empregados do setor privado também sem vínculo laboral (22,9%).
Já entre os funcionários domésticos com contrato assinado, a percentagem de afastados dos seus trabalhos foi de 16,6%.
“Claramente, os trabalhadores domésticos sem contrato foram os mais afetados pela pandemia. Parcela expressiva deles tem rendimento médio abaixo de um salário mínimo (1.045 reais, ou seja, cerca de 174 euros). Já os com contrato foram menos afetados porque têm mais estabilidade”, analisou Cimar Azeredo.
Geograficamente, o nordeste tem a maior proporção de trabalhadores afastados (26,6%, ou cinco milhões de pessoas) em todo o país, devido à pandemia.
Também o rendimento médio efetivo dos brasileiros diminuiu em maio, com uma queda de 18,1%.
Segundo o IBGE, 8,7 milhões passaram a fazer trabalho remoto no mês passado, na maioria trabalhadores com maior instrução.
Em maio, 38,7% dos domicílios do país receberam algum auxílio financeiro do Governo para enfrentar a pandemia, no valor médio de 847 reais (141,4 euros), segundo o IBGE. Mais da metade das famílias das regiões norte e nordeste receberam esse tipo de ajuda.
O estudo revelou ainda que, no mês passado, 24 milhões de pessoas apresentaram sintomas gripais e, desse total, 4,2 milhões (2% da população) tinham sintomas associados à covid-19.
O Brasil, segundo país do mundo com mais mortos e infetados, totalizou na terça-feira 52.645 mortos e 1.145.906 pessoas diagnosticadas com a covid-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 479 mil mortos e infetou mais de 9,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.