Lideranças indígenas kayapós reuniram-se na quarta-feira com o presidente da Câmara dos deputados do Brasil, contestando uma proposta de emenda constitucional que cria novas regras de demarcação de terras.
Líderes da tribo brasileira kayapós reuniram-se com Eduardo Cunha, pedindo-lhe para não criar a comissão especial destinada a retomar as discussões da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que transfere da União para o Legislativo a competência na demarcação de terras indígenas e possibilita a revisão das demarcações.
O kayapó Dototakaire informou que as lideranças manifestaram ao presidente da Câmara a preocupação dos povos indígenas com a votação da PEC. Eles disseram que ela é a quebra de um contrato histórico do Brasil e prejudica as mais de 300 povos e etnias indígenas. “Nós não estamos caçando guerra, somos os primeiros habitantes do Brasil e vocês querem acabar conosco. A gente não vai deixar”, disse Dototakaire.
“As lideranças disseram que o próprio branco está caçando briga, está declarando que vai ter uma guerra contra os indígenas. Os kayapós vieram aqui e deram o recado. Como eles vão fazer uma comissão toda semana, vai encher de indígenas em Brasília para mostrar que nós estamos prontos para a guerra”, informou Dototakaire.
O deputado Chico Alencar, que acompanhou os indígenas, informou que os kayapós disseram que a terra significa a vida deles e que eles não vão aceitar a votação dessa PEC. Alencar disse que caso a proposta volte a tramitar “os deputados defensores das causas indígenas vão travar toda luta possível para evitar que ela se consolide”.
O líder Zequinha Sarney disse que conseguiram do presidente da Câmara a garantia de que, antes da criação da comissão especial destinada a discutir a PEC 215, seja feita uma reunião envolvendo deputados ligados à causa ambiental, às causas indígenas e ao agronegócio. “Vamos tentar nessa reunião amenizar o ambiente. Vamos usar todos os meios possíveis para que a comissão não seja instalada”, disse.