As guerras comerciais, quando nascem, prejudicam todos, mas uns mais do que outros. De acordo com o Banco de Portugal (BdP), os setores nacionais que se encontram mais dependentes e em perigo face a um agravamento na escalada das tarifas alfandegárias iniciada pelo governo dos Estados Unidos, de Donald Trump, são os do fabrico de têxteis, de fabricação de produtos minerais não metálicos (que inclui vidro, produtos cerâmicos e cimento), as indústrias das bebidas, dos equipamentos informáticos, de comunicações, eletrónicos e ótica e indústria do couro, enumera um estudo divulgado ontem no novo boletim económico do banco central governado por Mário Centeno. Em todos estes setores fortemente exportadores, a percentagem de empresas com exposição relevante ao mercado norte-americano varia entre 8% a 12% do respetivo setor.
Numa abordagem mais agregada e macroeconómica, o BdP estimou ainda o possível impacto no País de um cenário de guerra comercial extremada aliada a incerteza máxima, concluído que a economia portuguesa pode sofrer uma destruição de valor na ordem de 1% ou mais nos próximos três anos (2025 a 2027, em termos acumulados), o que a preços de hoje significa uma redução superior a três mil milhões de euros no Produto Interno Bruto (PIB), pelas contas do DN/Dinheiro Vivo.
O BdP explica que “perto de 70% do valor dos bens exportados por Portugal para os EUA enfrentam tarifas entre 0% e 2%”, mas que “6% do valor das exportações está afetado por tarifas iguais ou superiores a 10%”.
Assim, “o impacto sobre as exportações portuguesas de um eventual agravamento das tarifas dos EUA dependerá de fatores como a magnitude do aumento das taxas aduaneiras sobre cada tipo de bem e o peso destes nas exportações de Portugal para o mercado dos EUA”.
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