Durante a primeira Administração de Donald Trump, as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia foram marcadas por tensões. A abordagem “America First” e o ceticismo em relação a acordos multilaterais desgastaram a parceria transatlântica. Além disso, a imposição de tarifas sobre produtos europeus, como aço e alumínio, alegando segurança nacional, desencadeou uma guerra comercial.
No início do seu segundo mandato, Trump anunciou uma tarifa de 25% “sobre automóveis e todos os outros produtos da UE”, dizendo que o bloco foi “criado para prejudicar os EUA”. Citou um défice comercial estimado em 300 milhões de dólares e afirmou que a UE “tira vantagem” dos EUA ao recusar carros e produtos agrícolas, enquanto os EUA aceitam tudo da UE. Em resposta, a Comissão Europeia (CE) garantiu que vai reagir “de forma firme e imediata contra barreiras comerciais injustificadas”.
“A UE protegerá sempre as empresas, trabalhadores e consumidores europeus contra tarifas injustificadas”, disse um porta-voz da CE, salientando que, sendo o maior mercado livre do mundo, tem “facilitado o comércio e reduzido custos para os EUA … Como resultado, os investimentos norte-americanos na Europa são altamente rentáveis”.
As crescentes fricções ficaram evidentes no discurso do vice-presidente norte-americano, JD Vance, na Conferência de Segurança de Munique, visto como uma tentativa dos EUA de interferir na política interna europeia. No entanto, tarifas são centrais na visão económica de Trump. Argumenta que representam “um custo para outro país” e não prejudicam consumidores norte-americanos. Contudo, segundo alguns economistas, são os consumidores – especialmente famílias de baixo rendimento – e empresas dos EUA que suportam esses custos, pois sobe o preço dos bens importados e consequentemente a inflação. O Instituto Peterson de Economia Internacional estima que as tarifas sobre importações do México, Canadá e China custarão à maioria das famílias cerca de 1.200 dólares anuais. Com uma guerra comercial iminente entre EUA e UE e uma inflação anual de 3%, o impacto pode ser ainda mais severo.
Não há vencedores numa guerra comercial, como a China tem repetidamente alertado os EUA. Disputas comerciais devem ser resolvidas através do diálogo e da negociação com base na igualdade e no respeito mútuo. A imposição unilateral de tarifas apenas agrava os problemas e prejudica ambas as partes, causando impactos negativos nas cadeias industriais globais, minando a confiança empresarial e desacelerando a economia mundial.
Os aumentos propostos por Trump são um alerta para a Europa, que deve reforçar os seus laços com a China para defender o multilateralismo e o livre comércio. A história demonstra que relações fortes entre a China e a UE garantem estabilidade para a economia global. Para seu próprio benefício e do mundo, a UE deveria reconsiderar a sua estratégia de “redução de riscos” em relação à China e trabalhar para concluir o Acordo Abrangente sobre Investimentos, atualmente estagnado.
Editorial do China Daily