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Xi reafirma compromisso com Putin

O Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou o compromisso “sem limites” de Pequim com Moscovo, numa chamada telefónica com Vladimir Putin, a 24 de fevereiro – exatamente três anos desde a invasão russa à Ucrânia. Este gesto é sinalizado como uma forma de mostrar ao mundo que a aliança com o vizinho regional permanece inabalada, numa altura que o Presidente dos EUA, Donald Trump, parece querer uma relação mais próxima com Putin

Guilherme Rego

A chamada entre Xi e Putin – a primeira em vários meses – não foi apenas uma demonstração de solidariedade, mas também um sinal claro da firmeza da relação entre os dois países. Xi sublinhou que a parceria entre a China e a Rússia “não pode ser afastada”, destacando a estabilidade dessa aliança, independentemente das mudanças globais. Esta posição foi expressa numa altura que a política externa dos EUA aparenta um volte-face, com Trump a procurar estreitar os laços com Moscovo – e por conseguinte distanciar-se dos aliados europeus -, numa tentativa de negociar a paz na Ucrânia.

Esta viragem estratégica de Washington, que passou de uma postura de confronto com Moscovo para uma abordagem mais conciliatória, não passou despercebida em Pequim. Com Trump a oferecer um possível acordo de paz à Rússia, a China questiona as implicações dessa mudança para os seus próprios interesses estratégicos. Contudo, Xi deixou claro que a China apoia os esforços de paz encetados pelos EUA, frisando que qualquer solução deve envolver todas as partes direta ou indiretamente envolvidas no conflito.

As relações entre a China e a Rússia têm uma base forte… são improváveis de ser desfeitas por causa das ações de Trump

Yu Bin, especialista sénior do Centro de Estudos Russos

Faltam partes no acordo

Apesar da nova demonstração de apoio e reafirmar da solidez da relação com Moscovo, Pequim não parece interessado num acordo de paz negociado apenas entre Trump e Putin. Até porque existe a preocupação de que os recursos militares norte-americanos possam ser alocados noutra região, mais próxima do país. “É de esperar que os EUA não estejam apenas a trocar de lugar; a procurar pôr fim à crise que engendraram na Europa para se poderem concentrar em causar problemas na Ásia-Pacífico”, pode ler-se no editorial do China Daily, publicado no dia 20 de fevereiro.

Por outro lado, o editorial defende que “a China registou as preocupações dos líderes europeus e considera que um processo de paz sem a participação de todas as partes interessadas e relevantes não será sustentável”.

Uma relação sólida

A relação entre a China e a Rússia está longe de ser um fenómeno recente. Embora tenha vivido um período de tensões durante a Guerra Fria, nomeadamente em 1969, com os confrontos nas suas fronteiras, a aliança entre Moscovo e Pequim tem resistido ao teste do tempo. A relação foi consolidada após o colapso da União Soviética e tem vindo a consolidar-se, sendo hoje uma parceria “sem limites”, como descreveu Xi.. Hoje, a China e a Rússia partilham não só interesses económicos, mas também uma visão comum sobre a oposição à ordem internacional dominada pelos EUA.

Embora Pequim reitere que não apoia militarmente a Rússia, o seu compromisso é evidente noutras áreas, nomeadamente na participação conjunta no BRICS e na Organização de Cooperação de Xangai. Como o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, afirmou, a sua relação “não está sujeita a influências externas” e constitui um “fator estabilizador estratégico nos assuntos internacionais”. Essa base institucional sólida torna improvável um desfasamento, segundo Yu Bin, especialista sénior do Centro de Estudos Russos. “As relações entre a China e a Rússia têm uma base forte… são improváveis de ser desfeitas por causa das ações de Trump”.

 

 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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