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Estudo recomenda água grátis e mais sombra para proteger crianças cabo-verdianas

Um estudo apresentado, hoje, na cidade da Praia, numa parceria do Governo com as Nações Unidas, recomenda água gratuita e mais sombras para proteger as crianças das alterações climáticas em Cabo Verde.

“Durante o calor extremo, a população deve ser apoiada com água gratuita, com especial atenção para as mulheres grávidas e as crianças em zonas de alto risco”, aponta-se no documento de Análise do Cenário Climático para as Crianças em Cabo Verde (CLAC),

O trabalho sugere a criação de mais áreas públicas com sombra para proteger e incluir todas as crianças, reduzindo riscos de desidratação, insolação e doenças de pele, especialmente para aquelas com deficiência, em situação de pobreza ou em situação de rua.

Além disso, recomenda-se “prioridade” a medidas de saneamento adequado, para evitar a contaminação da água e dos alimentos durante inundações, com “especial atenção à proteção das crianças”.

Os adolescentes, especialmente as raparigas, devem ter “acesso confiável” a água potável nas escolas, com medidas de contingência em caso de escassez.

Também é importante continuar o desenvolvimento de práticas agrícolas resilientes ao clima e promover alternativas sustentáveis de gestão de solos para reduzir a exposição infantil a produtos químicos nocivos.

No estudo destaca-se que o programa de refeições escolares deve continuar a ser expandido e as hortas escolares devem ser incentivadas para ensinar práticas agrícolas às crianças, a par de sustentabilidade ambiental.

“Os currículos escolares devem refletir a importância das alterações climáticas, dotando os alunos de conhecimentos e competências que lhes permitam compreender os seus efeitos e participar na ação climática. O combate à desidratação e ao stress térmico é fundamental para garantir a aprendizagem e o bem-estar dos alunos”, aponta-se no estudo.

Noutro âmbito, relacionados com os apoios estatais, o sistema de registo Cadastro Social Único deve incluir indicadores de vulnerabilidade climática para identificar famílias expostas a riscos, como deslizamentos de terra.

As crianças e os jovens também devem ter oportunidades frequentes de participar na tomada de decisões sobre a ação climática a nível nacional.

A consultora do estudo, Deolinda Martins, explicou que, apesar de não haver dados concretos, o foco nas crianças surge com naturalidade: “elas têm características específicas, fisiológicas e comportamentais, além de uma situação de dependência, que as tornam muito mais vulneráveis”.

“Em todos os setores há impactos acrescidos para as crianças no que toca aos efeitos às mudanças climáticas. Estamos a elaborar um plano de ação de cinco anos, com várias instituições do Governo, parceiros da sociedade civil, que vai tentar fazer com que as políticas públicas e os programas sejam mais sensíveis às suas necessidades”, referiu.

Cerca de 18,5 % das crianças em Cabo Verde vivem com menos de 3,46 euros por dia e 43% estão em situação de pobreza.

“As crianças pobres correm maior risco de serem afetadas” por acontecimentos relacionados com o clima, como deslizamentos de terras, calor extremo e insegurança alimentar e isso aponta a necessidade de políticas públicas direcionadas para garantir a sua segurança e inclusão, concluiu.

A secretária de Estado da Inclusão Social, Lídia Lima, presente na apresentação, referiu que a informação vai servir de base para a definição de políticas do Governo.

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