De acordo com o porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, o anúncio dos resultados eleitorais da votação, que incluíram as sétimas presidenciais – às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais, será feito a partir das 15:30 locais (14:30 em Lisboa), no Centro Internacional de Congressos Joaquim Chissano, em Maputo.
A CNE tinha até 15 dias para anunciar os resultados oficiais da votação de 09 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane convocou dois dias de paralisação e manifestação “pacífica” nacional em Moçambique a partir de hoje.
“Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nós nos manifestemos. E não precisamos de informar a polícia, o município”, anunciou Venâncio Mondlane.O país nestes dois dias deve ficar parado”, afirmou, descrevendo esta como a segunda etapa do que denomina de “roteiro revolucionário” de Moçambique, insistindo que a CNE se prepara para anunciar “resultados profundamente falsos”.
“Não é o que o povo votou. Isso está claro”, disse ainda, numa alusão ao apuramento dos resultados ao nível das províncias, que dão a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.
O candidato presidencial Daniel Chapo disse, na terça-feira, que a Frelimo aguarda com “calma e serenidade” a divulgação dos resultados das eleições gerais pelos órgãos oficiais.
Como um partido organizado, estruturado, maduro, um partido que prepara e organiza as suas vitórias, estamos neste momento, com calma e serenidade do Rovuma ao Maputo, à espera que os órgãos eleitorais anunciem os resultados”, declarou Daniel Chapo.
“Nós, neste dia do anúncio dos resultados, em respeito aos órgãos eleitorais, é que vamos fazer a nossa festa (…) A nossa calma e serenidade é em resultado de sermos um partido da paz, de harmonia, um partido organizado, estruturado, maduro, um partido que organiza e prepara as suas vitórias”, acrescentou o candidato e secretário-geral da Frelimo.
Já Venâncio Mondlane disse estar a convocar para estes dois dias “manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos” do país, e como um “presente” para a CNE.
“Já demonstrámos a partir do nosso centro de contagem paralela, já demonstrámos também a partir de editais que partilhámos com o nosso próprio povo. E a consciência do próprio povo também mostra que não votou na Frelimo e que não votou no candidato da Frelimo (…) Por outro lado, o nosso povo continua humilhado, o nosso povo continua sacrificado”, disse, para explicar o propósito do que afirma ser a segunda etapa da contestação.
Insistiu, contudo, que são “manifestações pacíficas”: “Não é para destruir bens públicos. Não é para destruir instituições públicas, não é para destruir os bens de que nós vamos precisar. Direito à manifestação é o nosso direito”.
As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação, que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos, embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados, alegando com os dados das atas e editais originais da votação.
Após o duplo homicídio de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, na sexta-feira, o candidato convocou também a realização de marchas pacíficas em Moçambique, na segunda-feira, que foram dispersadas com tiros para o ar e gás lacrimogéneo em Maputo, confrontos de que resultaram pelo menos 16 feridos, segundo fonte hospitalar, e dezenas de detidos em todo o país.
Plataforma com Lusa