Com o terceiro aniversário da criação da Zona de Cooperação Aproundada entre Guangdong e Macau em Hengqin como ponto de partida, o GD Today pediu a opinião de várias personalidades dos campos político, empresarial e académico.
Para o presidente da Câmara de Comércio Portugal-China para Pequenas e Médias Empresas (CCPC-PME) Y Ping Chow, a evolução de Hengqin oferece novas oportunidades para a cooperação entre a China e os países lusófonos. O empresário, sediado no Porto, reconhece que Hengqin não só transformou a sua infraestrutura como também criou uma base sólida para o intercâmbio e colaboração em ciência e tecnologia entre as duas partes. A assinatura de um acordo estratégico entre a CCPC-PME e o Centro de Intercâmbio de Ciência e Tecnologia entre a China e os Países de Língua Portuguesa reflete essa intenção de explorar novas oportunidades.
Na opinião de Chow, Hengqin tem o potencial de se tornar uma “porta de entrada” para as nações de língua portuguesa acederem ao mercado chinês, beneficiando áreas como o turismo, alta tecnologia e comércio. O líder associativo destaca ainda que a ascensão das “quatro novas indústrias” em Hengqin – medicina tradicional chinesa, inovação tecnológica, economia digital e alta tecnologia – cria um ambiente propício ao investimento internacional.
Rutger Verschuren, presidente da Câmara de Comércio Francesa em Macau, também vê um futuro promissor na área da cooperação. “Lembro-me de Hengqin estar cheia de plantações e vastos pomares de banana”, recordando a sua primeira visita, em 2008. Desde então, a transformação foi drástica, com Hengqin a emergir como um centro de desenvolvimento que alia inovação tecnológica e finanças de alto nível.
“Ao longo dos últimos 15 anos, Hengqin evoluiu de uma nova zona em desenvolvimento para uma zona de livre comércio e, em seguida, para a Zona de Cooperação Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin, ganhando cada vez mais destaque”, aponta Verschuren.
O PIB da área disparou de 285 milhões de yuan, em 2009, para 46.179 mil milhões de yuan, em 2022, com uma taxa de crescimento anual média de 31,4 por cento. “Nunca imaginei que um centro financeiro como o de hoje seria construído aqui […] Há mudanças a ocorrer quase todas as semanas, especialmente melhorias no posto fronteiriço e na facilidade de transporte, o que proporciona um forte impulso à economia regional”, diz o também vice-presidente das operações do Artyzen em Macau.
Com os laços mais estreitos entre Hengqin e Macau, nomeadamente no que toca à facilidade de acesso de pessoas e mercadorias, Hengqin não só atraiu um grande volume de investimentos internos, como também se tornou atraente para as empresas estrangeiras. Verschuren acredita que estas mudanças irão atrair investimento global e negócios focados na sustentabilidade, tecnologia e saúde – áreas que prometem gerar forte crescimento.
PME portuguesas
Rita Santos, presidente do Conselho Regional da Ásia e da Oceânia das Comunidades Portuguesas, destaca o papel crucial de Hengqin para Macau e os países lusófonos. Rita sublinha que Hengqin, três vezes maior que Macau, oferece o espaço e os incentivos necessários para atrair investimentos de pequenas e médias empresas portuguesas, com um enfoque particular nas áreas de alta tecnologia. “Os incentivos fiscais são uma grande vantagem para Hengqin e um fator decisivo na atração de empresas dos Países de Língua Portuguesa”, afirma.
Além dos benefícios económicos, a responsável refere que Hengqin também tem sido um local de eleição para residentes dos países lusófonos, graças ao seu custo de vida mais baixo e ambiente confortável. Rita Santos expressa confiança de que a parceria entre Guangdong, Macau e os Países de Língua Portuguesa vai continuar a crescer, criando novas oportunidades económicas e culturais.