“Registámos e qualificámos o maior número de presos por motivos políticos conhecido na Venezuela, pelo menos no século XXI, e continuamos a receber e a registar detidos”, anunciou a ONG na rede social X.
Os dados, atualizados até 09 de setembro, indicam ainda que mais de nove mil pessoas continuam “submetidas arbitrariamente” a restrições à liberdade. Dos 1.808 presos políticos, 1.673 estão detidos desde 29 de julho, início dos protestos pós-eleições presidenciais, adianta a ONG.
De acordo com a FP, entre os detidos estão 1.582 homens e 226 mulheres, 1.651 são civis e 157 militares, incluindo 60 adolescentes.
A ONG precisou ainda que, na última semana, uma pessoa foi libertada e 16 foram detidas e que 150 detidos foram condenados por tribunais e 1.658 aguardam julgamento.
Segundo a FP, desde 2014 até hoje foram detidas 17.577 pessoas por motivos políticos na Venezuela, das quais mais de 14.000 foram libertadas, após terem recebido assistência gratuita daquela ONG.
Os dados sobre o número de presos políticos no país, segundo a FP, foram enviados à Organização de Estados Americanos e à ONU, para verificação e certificação.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao atual Presidente do país, Nicólas Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo nas ruas milhares de polícias e militares para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.
*Com Lusa