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Banca dá sinais positivos apesar das dificuldades

Lucros do setor bancário em Macau diminuíram nos últimos anos, por força das altas taxas de juro; da recuperação desigual da economia; e da incerteza que afetou o panorama económico global. Mas o presidente da Associação de Bancos de Macau, Ip Sio Kai, considera que os indicadores operacionais do setor; incluindo a liquidez, rácio de adequação de capital, e total de depósitos, mantiveram-se satisfatórios

Ip Sio Kai descreve a situação geral como sendo de “progresso, estabilidade e sucesso”, apesar das “dificuldades”.

Os lucros da banca, antes de impostos, caíram no primeiro semestre do ano, tendo o rendimento líquido de juros diminuído cerca de 20 por cento. Sobretudo porque Macau não acompanhou o aumento das taxas de juro nos Estados Unidos, tendo a indústria financeira absorvido o custo acrescido do capital, aliviando os encargos de empresas e residentes. Ip descreve essa estratégia como uma concessão da banca, em nome da estabilidade da economia local. A consequência foi a redução do rendimento líquido de juros, que caiu em termos homólogos, no segundo trimestre, embora tenha recuperado em termos sequenciais.

No primeiro semestre do ano, outros rendimentos bancários caíram 6 por cento, em termos homólogos; queda menor que a do rendimento líquido de juros, e também com recuperação sequencialmente. No global, as receitas do setor, no primeiro semestre do ano, atingiram 12.5 mil milhões de patacas; menos 15 por cento em termos homólogos. Ainda assim, uma queda inferior à dos lucros antes de impostos, considerando Ip que isso indica estabilidade nas receitas.

A queda nos lucros antes de impostos explica-se sobretudo pelo aumento dos empréstimos não produtivos; razão pela qual os bancos tiveram de constituir provisões adequadas. No final de junho deste ano, a taxa de empréstimos não produtivos rondava os 4,6 por cento, tendo os empréstimos a residentes representado cerca de 3 por cento. Ip explica que grande maioria dos empréstimos com pagamentos em falta possuíam garantias adequadas. No entanto, como a recuperação económica tem sido desigual, e o ambiente empresarial se tem deteriorado, empresas e residentes enfrentam dificuldades, que Ip considera temporárias.

A taxa de empréstimos não produtivos fora da RAEM é de cerca de 6,1 por cento, metade dos quais relacionados com imobiliário na China Continental. Ip reconhece que a banca em Macau precisa de constituir provisões para se proteger de possíveis riscos – prática comercial normal. O presidente da Associação de Bancos acrescenta ainda que a taxa de incumprimento mais recente dos empréstimos hipotecários é de cerca de 4,1 por cento, embora muitos deles estejam relacionados com financiamento comercial. As empresas utilizam imóveis como garantia para empréstimos com fins comerciais; perfil diferente dos empréstimos para aquisição de imóveis. A taxa de incumprimento dos empréstimos para prestações residenciais, analisada isoladamente, é de cerca de 1 por cento; e os empréstimos têm garantias consideradas de boa qualidade.

A solidez do setor bancário mede-se por vários indicadores, incluindo a liquidez, superior a 70 por cento; o total de depósitos, superior a 1.27 mil milhões de patacas; e um rácio de adequação de capital em torno de 14 por cento. O que reflete, comenta Ip, a capacidade que a banca tem de expandir os seus negócios, e a disponibilidade de capital para atividades de baixo risco. Além disso, frisa, embora os ativos bancários tenham caído, em termos homólogos, no primeiro semestre do ano, recuperaram 0,55 por cento desde o final do ano passado. Já o segundo trimestre regista um aumento de mais de 3 por cento em relação ao primeiro. No final de junho, o total de depósitos bancários aumentou 4,5 por cento, em relação ao final do ano, para mais de 1.277 mil milhões de patacas, refletindo a ênfase na poupança e na redução dos gastos.

Ip anuncia ainda que, após a Terceira Sessão Plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China, continuarão a ser implementadas medidas para aprofundar a reforma e a abertura do país, o que favorece a banca em Macau. A província de Guangdong, em particular, tem estado na vanguarda da reforma e abertura; criando novas oportunidades, não só na Grande Baía, mas também nos mercados internacionais, o que permite à banca expandir no futuro o seu espaço de desenvolvimento.

Artigo publicado no âmbito da parceria com o Macau Daily News 

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