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Blinken em Pequim para esvaziar o balão da desconfiança mútua

Diário de Notícias
Crédito AFP

O mais importante da viagem do chefe da diplomacia norte-americana a Pequim aparenta ter sido alcançado: o desanuviamento que o presidente Joe Biden havia previsto no mês passado. No final do primeiro dia da visita de Antony Blinken, a China e os Estados Unidos conseguiram discutir os mais variados temas que os opõem de uma forma “franca” e “construtiva”, tendo concordado em prosseguir as conversações. Os chineses reafirmaram a sua posição de que o atual estado das relações “não serve os interesses fundamentais dos dois povos nem satisfaz as expectativas comuns da comunidade internacional”.

Blinken tem agendados mais contactos de alto nível hoje, incluindo potencialmente com o líder chinês Xi Jinping. O seu anfitrião, Qin Gang, concordou em visitar Washington. Ambos disseram que iriam trabalhar em conjunto para aumentar os voos entre as duas maiores economias do mundo, que continuam a ser mínimos desde a pandemia.

As relações sino-americanas caíram para um patamar mínimo na sequência do abate de vários objetos no espaço aéreo da América do norte, em fevereiro, um dos quais um balão chinês, que Pequim dizia ser meteorológico e Washington suspeitava ser um aparelho espião.

Antony Blinken, que tinha uma viagem agendada para Pequim dias depois, decidiu adiá-la para avaliar a resposta a dar ao regime chinês. De então para cá não foram dados passos em público para esvaziar o balão da desconfiança mútua. Pelo contrário. Nos meses que se seguiram, entraram em choque sobre sobre Taiwan, bem como a Ucrânia e a Rússia; as respetivas forças armadas registaram uma série de encontros perigosos. E, para cúmulo, há dias a Casa Branca revelou a existência de um posto de espionagem chinês em Cuba.

Ainda assim, as relações diplomáticas foram retomadas em maio, mês em que o diretor da CIA, William Burns, com mais de três décadas de experiência como diplomata de carreira, viajou de forma secreta para se encontrar com altos funcionários chineses. O objetivo da viagem, mais tarde anunciado nos media, foi manter os canais de comunicação abertos. A essa visita seguiu-se um encontro entre o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca Jake Sullivan com o mais graduado diplomata chinês, Wang Yi.

Além disso, o ministro do Comércio Wang Wentao foi à capital norte-americana para se encontrar com a homóloga, Gina Raimondo. Nem todos os canais foram reabertos. O ministro da Defesa chinês Li Shangfu recusou encontrar-se com o seu colega norte-americano Lloyd Austin à margem de uma conferência sobre segurança em Singapura.

No sábado, em declarações aos jornalistas, o presidente Joe Biden disse esperar encontrar-se de novo com o líder chinês Xi Jinping. “Para falar sobre as diferenças legítimas que temos, mas também sobre as áreas em que nos podemos entender”.

Um tom que vai ao encontro daquele usado pelo presidente chinês. Em outubro do ano passado, Xi disse estar pronto para trabalhar com os Estados Unidos para a estabilidade e paz mundial e para isso haveria que “encontrar formas de se entenderem em mútuo benefício”. E na sexta-feira, ao receber o empresário Bill Gates, os elogios não foram apenas dirigidos ao fundador da Microsoft. “Sempre depositámos as nossas esperanças no povo americano e desejámos a continuação da amizade entre os povos dos dois países”, disse o líder chinês.

Xi e Biden encontraram-se pela última vez em novembro, à margem da cimeira do G20 em Bali. Se não for definida uma reunião entretanto, haverá ocasião para estarem juntos em nova cimeira do G20, desta vez em Nova Deli, em setembro. Em novembro, o fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) reúne-se em São Francisco e Xi é um dos convidados.

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