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Viajar está mais caro, mas procura dos portugueses cresce 50% acima do pré-pandemia

Dinheiro Vivo

Preços mais elevados das viagens e aumento do custo de vida não travam apetite dos portugueses por viajar. A procura para a Páscoa está ao nível de 2019 e as reservas para o verão superam já em 50% o ano pré-pandemia, garantem as agências de viagem. Mercado interno está a apostar em destinos mais caros no estrangeiro e estadas mais longas.

Os preços continuam a subir e viajar está mais caro, mas isso não parece impedir os portugueses de fazer as malas e entrar num avião. São as agências de viagem que atestam a tendência justificada pelo aumento crescente das reservas, tanto na Páscoa como para o verão – para os meses de calor as reservas estão 50% acima de 2019. A escalada da inflação fez aumentar a fatura a pagar por um hotel ou por um bilhete de avião, mas o apetite do mercado nacional continua aguçado. “A vontade dos portugueses em viajar está bem viva, sendo as viagens vistas como um bem essencial. Notamos isso com a procura e com a antecipação das reservas”, explica o diretor operacional da Bestravel, Ricardo Teles. O responsável da rede de agências de viagem adianta que o “interesse por férias na altura da Páscoa está a correr muito bem” com a procura a atingir os mesmos números de 2019.

A Agência Abreu confirma os indicadores positivos e, apesar de admitir que viajar está mais caro, não considera que o valor a pagar seja um entrave. “Há um aumento dos montantes despendidos pelo efeito da alta de preços nos fornecedores. No entanto, não acreditamos que isto seja determinante na procura, pois esta está a ter um comportamento bastante dinâmico”,justifica o diretor de vendas e marketing. Pedro Quintela garante mesmo que, não só o aumento dos preços não tem beliscado os planos de férias dos portugueses como assegura que o mercado nacional está a abrir os cordões à bolsa. “A continuação do efeito de privação de viagens devido à pandemia ainda leva uma parte dos clientes a optar por viagens/destinos mais caros do que seria o seu padrão habitual de consumo”, refere, relembrando que a pandemia originou também uma poupança acrescida permitindo um aumento do rendimento a muitas famílias. “Se, por um lado, há clientes que preferem destinos de maior proximidade e ajustar a quantidade de dias ou a tipologia hoteleira, há outros que, pelo contrário, procuram ainda a viagem da sua vida ou apenas compensar os anos que ficaram privados do prazer de viajar”, prossegue.

Os profissionais do setor das viagens não querem adiantar o valor médio dos pacotes vendidos ou a percentagem do aumento dos produtos, mas asseguram que a subida de preços é transversal, dos hotéis aos transportes, o que encarece a oferta final da agência. “O setor das viagens também é, como tantos outros, sensível a todas as condicionantes económicas como o aumento dos combustíveis. Por exemplo, sentimos aumentos naquilo que é a viagem de avião num voo regular, mas, em oposição, aquilo que é a operação charter, fruto da reserva antecipada ou campanhas promocionais, permitiu encontrar um equilíbrio nos valores praticados mantendo as reservas em linha com 2019”, explica Ricardo Teles.

Caraíbas, Cabo Verde e Maldivas

A Páscoa é aproveitada por muitos como a primeira janela do ano para uma pausa. Os portugueses procuram as agências de viagem seja para um fim de semana prolongado, aproveitando a sexta-feira Santa, ou para uma semana inteira de descanso. O perfil varia e os destinos também. Nas viagens mais longas a escolha recai por destinos como as Caraíbas, Tunísia, Cabo Verde, Marrocos, as ilhas espanholas ou a Disneylândia Paris.

No estrangeiro, adianta a agência Abreu, destacam-se ainda o Brasil e a Ásia, que retomam a atividade turística depois do fecho imposto pela pandemia. Também as Maldivas tem sido um destino com cada vez mais fãs portugueses. Dentro da Europa, Espanha, Itália e França são as escolhidas para um fim de semana de três dias. Cá dentro, as ilhas e o Algarve reúnem as preferências para este período, com destaque para Porto Santo, que continua a seduzir o mercado interno. “Verifica-se ainda um alargamento do tempo de estadia no período da Páscoa. Em termos de produto, há um claro aumento dos circuitos e das grandes viagens”, destaca Pedro Quintela.

Outra das novidades é o regresso dos cruzeiros. Este foi um dos produtos mais afetados com a pandemia e cuja recuperação ficou, em 2022, abaixo da restante oferta turística, mas a tendência já está a inverter. “A procura por cruzeiros foi das tipologias de viagem que mais demorou a recuperar da pandemia, mas, do que observamos, desde outubro de 2022 até ao momento, têm estado numa recuperação impressionante, ultrapassando os números de 2019”, indica Ricardo Teles.

E, se as reservas de última hora marcaram a tendência dos últimos anos, o regresso à normalidade e a segurança sentida pelos clientes volta a permitir comprar com antecedência. Por isso mesmo, é já possível antecipar “um ano muito positivo” com destaque para a época alta, cujas reservas estão já 50% acima do pré-pandemia, garante o diretor operacional da Bestravel. Também o porta-voz da Agência Abreu está otimista com os próximos meses. “Acredito que os constrangimentos que ocorreram nos aeroportos e capacidade aérea no início do verão 2022 tenham sido grandemente ultrapassados, e que outras restrições ligadas às quebras de cadeias de abastecimento e falta de pessoal que afetaram a qualidade dos serviços nos destinos (hotelaria, restauração, transportes terrestres e marítimos) tenham também sido solucionados”. Pedro Quintela acredita que 2023 “será o ano do regresso à normalidade” antecipando “as previsões de recuperação da indústria do turismo que apontavam apenas para 2024”.

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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