A organização de defesa dos direitos humanos Safeguard Defenders revelou hoje que existem pelo menos mais 48 esquadras chinesas clandestinas em vários países, elevando o número total já conhecido para 102 delegações de autoridade chinesa em território estrangeiro.
Num relatório hoje divulgado, a organização refere que estas esquadras estão presentes em 53 países de todo o mundo, quase metade das quais (pelo menos 41) na Europa, com Itália e Espanha a somar o maior número destas delegações da autoridade chinesa em território estrangeiro.
A revelação da existência destes “centros de serviço policial” foi feita em setembro passado, quando a Safeguard Defenders acusou Pequim de manter 54 esquadras em vários países – incluindo três em Portugal (Lisboa, Porto e Madeira) com funções que passam pelo controlo de fugitivos da China e processos de regresso àquele país.
No final de outubro, a China rejeitou as acusações, referindo que as estruturas em causa servem para ajudar cidadãos chineses confinados pela pandemia de covid-19 a regressar a casa ou a renovar cartas de condução e documentos de identidade.
No entanto, o relatório hoje divulgado refere que a grande maioria das esquadras foi criada a partir de 2016, o que, sublinha a organização não-governamental (ONG), “refuta diretamente as declarações das autoridades da República Popular da China de que as operações começaram em resposta à pandemia”.
O documento adianta ainda ter sido recolhida informação que mostra a existência de “pelo menos uma operação ilegal de ‘persuasão [de cidadãos chineses] para retornar’ à China, feita em Paris, França, e mais de 80 casos em que estes centros clandestinos ajudaram a capturar e ‘persuadir’ repatriamentos.
Apesar de vários países terem sido surpreendidos com a existência destas esquadras chinesas, a ONG admite que, em alguns casos, a sua criação era conhecida pelas autoridades locais.
“Declarações da República Popular da China afirmam que parte das esquadras [situadas] em África e na Ásia foram estabelecidas em acordo explícito com o país anfitrião”, adianta a Safeguard Defenders.
Além disso, “um acordo bilateral do Ministério da Segurança Pública de 2015 sobre patrulhas policiais conjuntas, feito com o Governo italiano, parece ter contribuído diretamente para o posterior estabelecimento de esquadras ‘piloto’ europeias em Milão”, denuncia a organização.
Segundo o relatório, das 48 novas esquadras reveladas, nove situam-se na Europa e 28 estão em local desconhecido, embora se saiba em que países se encontram.
A Safeguard Defenders reitera, no documento, que toda a informação divulgada se baseia em documentação publicada pelas autoridades chinesas ou pela comunicação social estatal e partidária do país.