Início EscritoresEditorial Luz ao fundo do túnel

Luz ao fundo do túnel

Paulo RegoPaulo Rego*

Afinal, como era óbvio e necessário, Xi Jinping e Joe Biden falam a mesma língua: o dólar.

A Rússia recua na Ucrânia; Washington e Pequim anunciam acordos bilaterais – sustentabilidade e a agenda climática – e assumem com transparência os pontos divergentes; Taiwan está como sempre foi…

Noutro contexto, testes em massa cancelados por toda a China, códigos de proximidade secundária abolidos – entre 20 medidas de relaxamento da Covid zero…

Em Macau, acordos fechados para o novo ciclo de jogo; discurso de ambição do Chefe do Executivo; e, nos bastidores, o bom senso acabará por ditar três dias de código amarelo em vez de vermelho – após cinco de quarentena… Nada entrou ainda nos eixos, nem nada se resolve num dia.

Mas quem manda já sabe que tudo tem de mudar. Acreditando no sentido daquilo que faz sentido; alivia-se o drama, quando o horizonte anuncia menos angústia amanhã.

Leia também: Relação China-EUA determina a direcção do mundo, revela David Blair, economista americano

Nem a China, nem os Estados Unidos, conseguem inverter o ambiente económico frustrante – que põe ambos os regimes em risco – a não ser que encontrem o mínimo consenso no convívio de dois impérios económicos incontornáveis à escala global.

A narrativa dos direitos humanos faz parte da legitimidade política a ocidente – e bem. Mas não foi certamente essa a conversa entre Xi Jinping e Joe Biden. Sendo também certo que a democracia está longe de ser o que verdadeiramente os divide em relação a Taiwan.

O que é imperativo é que ambos assumam as consequências incomportáveis do nacionalismo exacerbado e da falência do multilateralismo. Ambos mostraram em Bali terem essa consciência, como lhes compete, e no único tom – moderado – que a todos nos serve.

Bem vindos ao mundo que o mundo precisa.

Leia também: Xi quer “conversa franca” com Biden sobre questões chave para relação China/EUA

Macau, mais para o mal que para o bem, é um mero seguidor dos ventos que sopram do norte. Falta iniciativa, vontade negocial, ideias próprias para o nosso próprio destino. Talvez um dia as elites políticas locais percebam o problema.

Mas não vai ser tão cedo… Agora, resta-nos olhar para China e ver, com olhos de ver, aquilo que nos serve.

Quando a onda é boa é preciso saber surfar… porque a praia está do lado de lá.

*Diretor-Geral do PLATAFORMA

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!