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Como o Google pode ajudar a conservar espécies em risco

Importante região natural ibérica encaixada no extremo nordeste transmontano, numa área de 75 mil hectares até à fronteira espanhola, o Parque Natural de Montesinho localiza-se numa zona de transição de habitats atlânticos e mediterrânicos e abriga um grande número de espécies raras e endémicas. Muitas delas ameaçadas de extinção, num cenário agravado pelas alterações ambientais que afetam a distribuição de espécies e habitats em todo o mundo. Para avaliar o risco da flora e da fauna desse santuário natural, um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) está a desenvolver pela primeira vez um mapa geral da biodiversidade do parque. E conta para isso com a ajuda de uma ferramenta online gratuita e acessível a todos: o Google Earth Engine.

A ferramenta permite fazer o processamento de dados e de imagens de satélite disponíveis desde 1972 até agora”, sublinha ao DN a investigadora Ana Cláudia Teodoro, docente da FCUP na área da Engenharia Geoespacial. Trata-se de uma plataforma computacional online que “alberga todos os dados de missões orbitais como as Landsat, MODIS e Sentinel, bem como dados climáticos e de elevação”. “É uma ferramenta poderosa porque nos permite fazer imenso tratamento de informações. Permite-nos ver, por exemplo, a evolução do clima de uma determinada região ao longo dos últimos 50 anos”, acrescenta.

No projeto MontObEO para o Parque Natural de Montesinho, que conta com financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia, a equipa de investigadores vai usar os dados fornecidos pela plataforma para avaliar o impacto das alterações ambientais na qualidade dos habitats preferidos por cada espécie. Avaliando o estado de conservação da flora e fauna no parque, poderão ser identificadas áreas do PN de Montesinho “sob maior pressão” e, por isso, mais necessitadas da aplicação de medidas de conservação”.

“O objetivo é fazermos um mapa da biodiversidade do Parque de Montesinho, das suas espécies animais e não-animais. Vamos estudar os dados de monitorização da qualidade da água, do ar e do solo ao longo dos anos e relacionar isso com a evolução da biodiversidade local”, explica Ana Cláudia Teodoro. “Os dados de satélite disponibilizados pelo Google Earth Engine servirão para percebermos de que forma podemos definir parâmetros que permitam avaliar essa evolução da biodiversidade“, reforça, numa altura em que a equipa de investigadores se prepara para a primeira recolha de dados em trabalho de campo, ainda neste mês de abril. “Todas estas abordagens têm sempre de ser validadas com trabalho de campo”, diz.

O Parque Natural de Montesinho alberga habitats ameaçados de extinção, como rochas ultrabásicas, carvalhais, castanheiros ou charnecas higrófilas, entre outros. Habitats estes que albergam um enorme número de espécies, como cerca de 70% das espécies de aves em Portugal, o lobo-ibérico, o veado, a toupeira-de-água, o gato-bravo, a lontra, o grande morcego-de-ferradura-grande, a víbora-cornuda e outras espécies raras e ameaçadas.

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