Apesar de os milionários russos estarem perdendo dinheiro com as sanções ocidentais, eles não têm força para confrontar o presidente Vladimir Putin, que decidiu invadir a Ucrânia no final de fevereiro. Assim, a situação pode ficar parecida com a da Coreia do Norte, onde por mais que a população sofra com os problemas econômicos, não consegue confrontar o governo.
A avaliação é de Bill Browder, CEO e fundador do Hermitage Capital Management. Ele foi um dos maiores investidores estrangeiros na Rússia, mas acabou deportado e banido do país em 2005.
Seu advogado, Sergei Magnitsky, foi torturado e morto após revelar um caso de corrupção local, em 2009. O caso levou os EUA e a Europa a adotarem sanções contra autoridades russas a partir de 2012, que foram chamadas de Global Magnitsky Act.
Browder, 57, lança em abril nos EUA o livro “Freezing Order”, no qual afirma que Putin tem US$ 200 bilhões escondidos no exterior. Ele diz que descobriu o dinheiro ao investigar a morte de Magnitsky. A obra será lançada no Brasil no segundo semestre.
Ele também é autor de “Alerta Vermelho” (ed. Intrínseca), no qual conta como fez fortuna investindo na privatização de estatais russas nos anos 1990 e, depois, seus embates com o governo Putin.
Em 2013, a Justiça da Rússia o condenou por fraude fiscal e pediu sua prisão à Interpol, que se recusou a cumprir a ordem por considerar que se tratava de uma ação política.
Como avalia as sanções aplicadas até agora? São as mais fortes que já foram impostas a um país na história. O dano econômico causado por elas a Vladimir Putin é extraordinário. Dito isso, não acredito que ele recuará da invasão com base nas sanções. Não penso que vá dizer “ok, não vou fazer mais isso, porque é muito custoso”. O propósito das sanções neste momento é sangrá-lo financeiramente, de modo que ele não tenha dinheiro suficiente no futuro para continuar essa guerra cara.
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