Há uma semana, tudo apontava para uma estabilização no número de novos casos de covid-19, que iria entre as cinco mil e as 10 mil infeções, mas tal não aconteceu, o que poderá querer dizer que a máscara poderá ter de continuar a ser usada. “Já houve uma inversão da tendência devido a um novo ressurgimento de casos, o que poderá ser um efeito conjunto de vários fatores, como o impacto da variante BA.2, que já é dominante com 76,2% dos casos, com a reabertura do segundo semestre nas faculdades e também com o Carnaval”, explica ao DN Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que integra a equipa que faz a modelação da evolução da doença desde o início da pandemia.
Segundo a análise da Faculdade de Ciências, esta tendência de subida deverá continuar, podendo mesmo o país voltar a atingir mais de 20 mil casos dentro de duas semanas. “Estamos com um aumento médio a ordem dos 3,5%, se esta tendência se mantiver no final do mês voltaremos à fronteira dos 20 mil casos diários”.
No entanto, e neste momento, a equipa de Carlos Antunes considera que esta subida “não acarreta a necessidade de introduzir alterações na estratégia de Saúde Pública”, sustentando mesmo que “não é isso que está em causa. O que está em causa é a necessidade de se manter a situação de alerta em relação à vigilância epidemiológica da infeção e, eventualmente, adiar-se a data da decisão para suprir o uso de máscara obrigatória em espaços fechados”.
De acordo com o boletim diário de ontem da Direção-geral da Saúde (DGS), Portugal registou 14 595 novos casos, o número mais elevado em relação à semana homóloga, de 27 fevereiro a 5 de março. Portanto, “já não podemos falar de uma fase de estabilização em relação ao número de casos, porque o que se está a assistir é a uma nova onda epidemiológica, provavelmente, acreditamos nós, com menor impacto da que a anterior”, refere.
“O mínimo de casos que se atingiu nesta tendência de descida foram 9,500 casos, para se voltar a subir logo de seguida. Em termos médios e a sete dias, apenas se conseguiu atingir um patamar de 9200 casos. Agora, e já com os dados de hoje (ontem), estamos com 12 mil casos a sete dias e com uma estimava de continuar a subir”, argumentou ao DN. Os dados de ontem revelavam ainda um R(t) de 0,90 a nivel nacional e de 0,91 no continente, contudo, lembra o analista, “estes dados têm um atraso de cerca de uma semana. Neste momento, a nossa projeção já nos dá um R(t) de 1,12, o que só deve ser refletido no boletim na próxima semana”.
O professor destaca que esta subida de casos volta a ser marcada por um aumento acentuado do número de casos nas faixas etárias mais novas, entre os 12 e os 25 anos em que o número de casos aumentou em 100% na semana de 27 de fevereiro a 5 de março, relativamente à semana anterior.
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