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“Não estamos à beira de uma III guerra mundial”

Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, Carlos Gaspar acredita que a Rússia “quer pôr fim à Ucrânia como Estado independente”, mas não prevê que guerra se alastre a outros territórios

Como avalia a relação de forças entre a Rússia e Ucrânia e a Rússia e a NATO?
A balança militar entre a Rússia e a Ucrânia é claramente assimétrica, mesmo sem ter em conta a dimensão nuclear. Nos últimos anos, as forças armadas russas puderam modernizar-se e, apesar dos esforços de profissionalização desde a anexação da Crimeia, as forças armadas ucranianas não têm senão uma capacidade limitada para se opor à superioridade militar da Rússia. A balança estratégica entre a Rússia e a NATO é definida pelas armas estratégicas nucleares que garantem, na fórmula clássica, uma capacidade assegurada de destruição mútua. É essa a garantia da segurança dos aliados da NATO perante a ressurgência da Rússia como uma potência revisionista, uma garantia que não inclui a Ucrânia, uma vez que esta não é membro da Aliança Atlântica.

Vai ser uma guerra rápida ou devemos esperar que se prolongue e alastre a outros territórios?
É improvável que a guerra se alastre a outros territórios, designadamente aos Estados membros da NATO. Uma agressão da Rússia contra as Repúblicas bálticas, contra a Polónia, a Roménia ou a Bulgária significa uma guerra nuclear. A Rússia é uma potência revisionista, mas não tem tendências suicidas.

Estamos à beira de uma terceira guerra mundial? O que vai contar mais para o evitar?
Não estamos à beira de uma terceira guerra mundial, nem de uma guerra geral na Europa. A capacidade de dissuasão das armas estratégicas nucleares garante a contenção da Rússia e de qualquer potência externa que queira ameaçar a comunidade transatlântica.

A história está a repetir-se e estamos a assistir a uma “reedição” do que aconteceu com a Geórgia em 2008? Quais as diferenças e semelhanças?
Os aliados não quiseram reconhecer as lições da Guerra da Geórgia, nem da anexação da Crimeia, nem da anexação de facto dos territórios do Donbass ocupados pelos separatistas russos.

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