Pouco mais de dois meses depois de tomar posse como chanceler alemão, Olaf Scholz tem estado debaixo de críticas por causa da sua postura discreta em relação ao tema que marca a atualidade internacional: a crise na Ucrânia. Se por um lado é atacado por Berlim não querer fornecer armas aos ucranianos (a política que já existia no tempo da antecessora, Angela Merkel, é não enviar armas para regiões no meio de uma crise), por outro é criticado por não afirmar categoricamente que, em caso de uma invasão por parte da Rússia, travará a entrada em funcionamento do gasoduto Nord Stream 2 que irá duplicar o fornecimento de gás natural russo à Alemanha.
Ontem, na véspera de visitar Kiev e seguir na terça-feira para Moscovo, Scholz endureceu o tom: “No caso de uma agressão militar contra a Ucrânia, que poria em risco a sua soberania e integridade territorial, isso levaria a duras sanções, que preparámos cuidadosamente e que podemos pôr em prática imediatamente com os nossos aliados na Europa e no seio da NATO.” O chanceler, que na semana passada esteve em Washington para um encontro com o presidente Joe Biden e depois recebeu líderes dos países Bálticos em Berlim, diz que a paz enfrenta uma “séria ameaça”, apelando à Rússia para que trave a escalada da tensão.
Quando a Rússia invadiu a Crimeia em 2014, foi Merkel que liderou a resposta europeia, marcada pelas sanções. A antiga chanceler fala fluentemente russo (cresceu na antiga Alemanha de Leste) e já tinha uma longa experiência a lidar com o presidente russo, Vladimir Putin. Já Scholz não tem a experiência internacional de Merkel e está também à frente de um governo de coligação de três partidos que têm posturas diferentes em relação ao problema. Os sociais-democratas de Scholz (eles próprios já divididos) tendem a preferir negociações e a desescalada da tensão na relação com a Rússia, mas os parceiros, os liberais e do FDP os Verdes (estes últimos com a pasta da diplomacia), são a favor de uma postura mais forte.
No meio da intensa atividade diplomática, não devem ser as viagens de Scholz a conseguir desbloquear a situação. “Não espero resultados concretos, mas estas negociações diretas são importantes”, disse uma fonte governamental alemã num briefing com jornalistas. “O chanceler irá deixar claro que qualquer ataque à Ucrânia terá consequências pesadas e que não devemos subestimar a união entre União Europeia, EUA e Reino Unido”, acrescentou. Scholz dirá a Putin que o envio de tropas para a fronteira “só pode ser interpretado como uma ameaça”.
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