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EUA dizem ser possível vislumbrar acordo nuclear com o Irão

AFP

Os Estados Unidos avaliaram esta segunda-feira que é possível chegar a um acordo com o Irão para salvar o pacto nuclear, mas pediram que seja concluído o mais rápido possível na véspera da retomada das negociações em Viena, que entrarão na reta final

EUA dizem ser possível um acordo nuclear com o Irão. A União Europeia (UE), que faz o papel de coordenadora deste exercício diplomático de alto risco, anunciou em um breve comunicado que “após consultas nas capitais com os respectivos governos, os participantes vão prosseguir com as discussões” na terça-feira.

Os negociadores tinham se retirado da mesa de conversações no fim de janeiro, pedindo “decisões políticas” após os “avanços” alcançados durante este mês, que permitiram superar um longo impasse.

“Apesar do progresso”, as negociações “chegaram a um estágio em que uma conclusão se torna urgente”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA à AFP. 

“Vislumbra-se um acordo que atenda às principais preocupações de todas as partes, mas se não for alcançado nas próximas semanas, os avanços nucleares do Irão tornarão impossível nosso retorno” ao texto de 2015, acrescentou, referindo-se ao acordo.

Iniciadas na primavera de 2021, as discussões acontecem entre os iranianos e o restante das partes do acordo (Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia), com a participação indireta dos Estados Unidos.

Leia mais sobre o assunto em: Poucas semanas para salvar acordo nuclear iraniano, adverte EUA

Em 2018, durante o governo de Donald Trump, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto, restabelecendo as sanções econômicas contra Teerão. Isso levou o Irão a deixar, progressivamente, de cumprir suas obrigações.

A partir disso, foram restabelecidas todas as sanções econômicas americanas contra a República Islâmica, o que levou Teerão a começar a se retirar de seus compromissos e intensificar suas atividades nucleares.

As negociações visam a implementar um “retorno mútuo” de Washington e Teerão ao acordo, defendido pelo atual presidente americano, Joe Biden.

Mas o tempo está se esgotando.

“Momento decisivo”

Especialistas afirmam que os iranianos se desviaram tanto das restrições do acordo de 2015 que estão a apenas algumas semanas de ter material físsil suficiente para construir uma arma atômica.

Na semana passada, os Estados Unidos advertiram que faltam “muito poucas semanas” e voltaram a dizer que desejam negociações “diretas” para chegar a um compromisso nesta “reta final”.

“Sustentamos durante muito tempo que seria mais produtivo falar diretamente com o Irã”, disse o porta-voz da diplomacia americana.

“No entanto, as conversas continuarão sendo indiretas, a pedido do Irã. Os Estados Unidos não participaram de nenhuma reunião direta com o Irã”, destacou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, chamou a situação de “momento decisivo” em entrevista ao jornal americano Washington Post publicada nesta segunda-feira. 

“Enviamos uma mensagem clara” ao Irã: “É hora de tomar decisões, não de prolongar o processo”, disse ele. “Esperamos que eles aproveitem esta oportunidade”.

“Estamos a cinco minutos do objetivo”, disse o negociador russo Mikhail Ulyanov em entrevista publicada no jornal russo Kommersant nesta segunda-feira. “Foi elaborado um rascunho do documento final. Há vários pontos que precisam de mais trabalho, mas esse documento já está sobre a mesa”, acrescentou.

O Irã disse, por sua vez, que espera respostas dos americanos. 

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Said Khatibazadeh, afirmou nesta segunda-feira que as respostas que “os Estados Unidos trouxerem amanhã a Viena determinarão quando podemos chegar a um acordo”.

“Esperamos que a delegação americana retorne para Viena com instruções claras sobre a forma de cumprir suas obrigações para suspender as sanções”, acrescentou Khatibazadeh, reforçando que espera “compromissos concretos”.

Na sexta-feira, o Departamento de Estado americano anunciou que estava restabelecendo isenções importantes, que protegiam países e empresas estrangeiras envolvidas em projetos nucleares não militares da ameaça de sanções por parte dos EUA. 

Esta decisão deve permitir “facilitar” as “discussões técnicas” que são “necessárias nas últimas semanas das conversações”, explicou a diplomacia americana, destacando que isto “não é uma concessão ao Irã”.

Para Teerã, no entanto, a medida não bastou.

Se os americanos querem mostrar “boa vontade”, continua sendo “insuficiente”, reagiu o chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir Abdollahian.

Ali Shamkhani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, disse no domingo que Washington e Teerã não conseguiram até agora encontrar um “equilíbrio” em seus compromissos durante as conversas em Viena.

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