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Macau com mais de 100 cafés na “terceira vaga” da especialidade

Lusa

Macau contava mais de 100 cafés no ano passado, numa “terceira vaga”, com o consumo sempre a crescer nos últimos anos na cidade, onde em outros tempos dominava o chá

De acordo com os dados da Direção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), 117 cafés estavam em funcionamento em 2020, menos três do que em 2019, apesar do impacto da pandemia da covid-19 e da diminuição acentuada dos turistas na cidade.

Para um responsável da Associação de especialistas de café de Macau (MSCA), esta é a “terceira vaga do interesse pelo café” na cidade.

“A primeira vaga foi a do café instantâneo e a segunda a do café de multinacionais como a norte-americana Starbucks”, disse à Lusa.

Nos últimos anos, o café de diferentes origens tornou-se popular “numa terceira vaga, influenciada pela China”, afirmou Vong Sio Long, formador de especialistas na preparação de cafés, ou baristas, acrescentando que o interesse não fica só do lado do consumidor.

“Todos os anos, cerca de 300 pessoas de Macau frequentam o curso de barista”, apontou.

Nestes “novos” cafés, os grãos mais usados ainda chegam das origens mais tradicionais e distantes, como Etiópia, Brasil, Quénia, Costa Rica, México, Colômbia e Panamá, de acordo com a MSCA, e as máquinas profissionais mais usadas são as italianas, com preços a partir “das 70 mil patacas (7.500 euros), disse Vong.

Candi Chu, proprietária de um café na zona antiga da cidade, afirmou que, por dia, vendia “entre 70 a 80 chávenas de café e em período de férias mais de 100”, mas atualmente vende cerca de 50 chávenas por dia.

Neste estabelecimento, os preços rondam as 28 patacas (três euros) por uma bica, localmente conhecida por ‘expresso’, e 36 patacas (quatro euros) por um ‘cappuccino’.

“Graças aos clientes habituais de Macau, podemos ‘sobreviver’ à covid-19”, afirmou Chu, que este ano estendeu o negócio à zona antiga da ilha da Taipa, com uma filial do café existente na península.

O custo mensal do aluguer do espaço na zona antiga de Macau é de 30 mil patacas (3.200 euros), disse Candi Chu, acrescentando não ter beneficiado de qualquer subsídio do Governo, apenas de um empréstimo de 500 mil patacas (54 mil euros), no âmbito das medidas de apoio oficiais devido à epidemia.

De acordo com os dados da DSEC, estes estabelecimentos perderam 14 milhões de patacas (1,5 milhões de euros) em 2020, com as receitas e despesas a diminuírem 16,9% e 5,6%, respetivamente, em relação ao ano anterior.

Em resposta ao impacto da pandemia na atividade das pequenas e médias empresas de Macau, os Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) apresentaram recentemente medidas de bonificação de juros de créditos bancários, alterações às condições de pedido de empréstimos sem juros e o ajustamento do reembolso de empréstimos sem juros.

Na mesma zona, que conta já uma dezena de pequenos cafés como o de Candi Chu, um novo espaço começou a testar a clientela e a preparar a inauguração na próxima semana.

À Lusa, Hugo Lo avançou não ter pedido fundos ao Governo para iniciar o negócio, sem excluir a possibilidade de recorrer a ajudas existentes de resposta às dificuldades criadas pela epidemia.

No entanto, o jovem proprietário disse esperar que as receitas possam cobrir as despesas, prevendo que, em período de férias, a loja consiga vender mais de 100 chávenas de café ao dia.

Ao contrário das preferências dos portugueses em café, o sócio de Candi Chu, o macaense Danilo Tadeu Madeira afirmou que a proporção de pessoas de Macau que pedem um expresso é “muito baixa”.

“As pessoas de Macau ou da China preferem café com leite, como ‘cappuccino’ ou ‘latte’. Na sua maioria, os chineses não gostam do sabor amargo de um expresso ou de um ‘americano'”, sublinhou.

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