África quer comprar vacinas contra a covid-19, em vez de esperar pelas doses financiadas pelos doadores, informou a União Africana (UA) esta terça-feira (14), implorando aos fabricantes acesso ao mercado
“Compartilhar vacinas é bom. Mas não devemos depender de vacinas compartilhadas“, disse Strive Masiyiwa, o enviado especial da União Africana para aquisição de vacinas, em uma entrevista coletiva na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra. África pede assim aos laboratórios que vendam vacinas.
“Queremos comprar vacinas”, insistiu.
Alguns países desenvolvidos já administram terceiras doses, mas em países pobres, especialmente na África, a vacinação não decola.
Apenas 3,5% dos africanos foram totalmente vacinados de um total de 1,3 bilhões de pessoas, disse o diretor do Centro Africano para Controle e Prevenção de Doenças (CDC da África), John Nkengasong.
A União Africana criou o Fundo Africano de Aquisição de Vacinas (Avat). De acordo com Masiyiwa, os fabricantes de vacinas têm a “responsabilidade moral” de também vender as doses para os países africanos.
“Esses fabricantes sabem muito bem que nunca nos deram acesso adequado” às doses, disse ele.
Ele também apelou à comunidade internacional para suspender os direitos de propriedade intelectual sobre os imunizantes, mas disse que é ainda mais urgente que os países encerrem as “restrições às exportações de vacinas e seus componentes”.
De acordo com um balanço da AFP a partir de fontes oficiais, 9 doses foram administradas a cada 100 habitantes na África, em comparação com 118 nos Estados Unidos / Canadá, 104 na Europa, 85 na Ásia, 84 na América Latina e Caribe, 69 na Oceania e 54 no Oriente Médio.
Os países africanos “foram abandonados pelo resto do mundo”, resumiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante a conferência de imprensa.
A OMS espera ajudar cada país a vacinar pelo menos 40% de seus habitantes até o final do ano e 70% da população mundial até meados de 2022.
A entidade apela para que os países ricos não lancem campanhas de reforço vacinal ou terceira dose antes do final do ano, em um momento em que o sistema internacional da Covax, que distribui doses gratuitas a países pobres, reduziu suas previsões por falta de doses.