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Exportações cabo-verdianas de conservas e peixe recuperam no primeiro semestre

O valor das exportações cabo-verdianas de conservas e peixe congelado caíram mais de 5% no primeiro semestre, atenuando a forte quebra nos primeiros três meses de 2021, segundo dados oficiais compilados hoje pela Lusa.

De acordo com os recentes relatórios estatísticos do Banco de Cabo Verde (BCV), que detalham as exportações, este volume de vendas de conservas e peixe congelado – que representa cerca de 80% das exportações do arquipélago -, ascendeu, de janeiro a junho, a mais de 1.602 milhões de escudos (14,6 milhões de euros).

Trata-se de uma quebra de 5,5% face ao primeiro semestre de 2020, quando essas vendas tinham ascendido a 1.694 milhões de escudos (15,4 milhões de euros). Contudo, este desempenho evidencia uma recuperação, tendo em conta a quebra de 42,2% que essas exportações – então no valor de 554,6 milhões de escudos (cinco milhões de euros) -, acumulavam no primeiro trimestre de 2021, face ao mesmo período do ano anterior.

Globalmente, as exportações de bens cabo-verdianos (não inclui receitas com o turismo) já tinham caído em 2020 mais de 16% face ao ano anterior, para 5.100 milhões de escudos (46,2 milhões de euros), essencialmente peixe e conservas. Do total das exportações, menos de 10% são produtos transformados no arquipélago, como calçado e vestuário.

Segundo dados anteriores do Instituto Nacional de Estatística de Cabo Verde, Espanha é o país que mais compra os produtos cabo-verdianos, com uma quota superior a 60%, mantendo uma forte atividade na indústria conserveira, essencialmente na ilha de São Vicente.

Essa indústria conserveira admitiu em janeiro deste ano problemas nas exportações, dada a falta de um acordo por parte da União Europeia para a derrogação de normas de origem.

Sem a aprovação do novo pedido de derrogação desde 2020, as exportações cabo-verdianas de conservas teriam encargos aduaneiros (por a matéria-prima ter origem em embarcações de pesca de outros países), colocando em causa a sobrevivência do setor.

Entretanto, a Comissão Europeia aprovou em junho uma derrogação de três anos das regras de origem preferencial nas conservas de filetes de atum, sarda, cavala e judeu por Cabo Verde.

Na decisão da Comissão Europeia, assinada pela presidente, Ursula Von Der Leyen, é assumido que a derrogação é de caráter temporário, por três anos, “e está sujeita a um melhor cumprimento das regras de origem aplicáveis aos produtos em causa e ao requisito relativo à cooperação administrativa”.

Segundo o mesmo documento, a derrogação aplica-se, no primeiro ano, para volumes (anuais) de 5.000 toneladas de preparações ou conservas de filetes de atum, de 3.000 toneladas de preparações ou conservas de filetes de sarda e cavala, e de 1.000 toneladas de preparações ou conservas de filetes de judeu liso ou judeu.

“A fim de ter em conta os interesses comerciais da União Europeia e de manter uma concorrência leal entre o seu setor das pescas interior e o dos países terceiros, o volume anual deve diminuir nos anos seguintes”, estipula a Comissão, prevendo um volume de 1.000 toneladas para cada uma das três espécies para o último ano (01 de janeiro a 31 de dezembro de 2023).

O ministro da Economia Marítima cabo-verdiano admitiu entretanto que a derrogação da Comissão Europeia às normas de origem, viabilizando as exportações de conservas, será a última e que até 2023 o arquipélago terá uma frota industrial nacional.

“O objetivo é termos a nossa frota com capacidade para que dentro de dois anos e meio isso aconteça”, afirmou Paulo Veiga.

A atividade pesqueira em Cabo Verde está concentrada na pesca costeira e semi-artesanal, face à praticamente inexistente frota nacional industrial para abastecer as indústrias conserveiras que operam no arquipélago, que recorrem às capturas por navios industriais com bandeira de outros países.

Sem a aprovação do novo pedido de derrogação desde 2020, as exportações cabo-verdianas de conservas teriam encargos aduaneiros (por a matéria-prima ter origem em embarcações de pesca de outros países), colocando em causa a sobrevivência do setor.

Sem frota nacional para responder às necessidades da indústria conserveira, desde 2008 que Cabo Verde recebe derrogações da Comissão Europeia, que segundo Paulo Veiga já avisou que será a última.

“Deveria ter sido tempo suficiente para nós já não precisarmos dessa derrogação”, admitiu o ministro, garantindo que o Governo está a trabalhar com os armadores e empresas que utilizam a derrogação para exportar para “que não venha a ser necessário” equacionar essa necessidade após 2023.

O governante explicou que o objetivo passa por Cabo Verde ter até 2023 um setor de pesca industrial nacional, através de uma renovação da frota, com barcos de maior porte, autonomia e capacidade de refrigeração, processo que além do financiamento estatal terá o “apoio da União Europeia”.

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