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Ministro da Saúde britânico pede demissão por desrespeitar regras da pandemia

O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, anunciou a sua demissão este sábado (26), após revelações de que infringiu as restrições do governo para evitar a propagação do coronavírus devido a um caso com uma assessora, uma informação revelada por um tabloide sensacionalista.

Matt Hancock será substituído por Sajid Javid, de 51 anos, que foi ministro das Finanças num gabinete anterior do primeiro-ministro Boris Johnson, e que se demitiu no começo de 2020 por desavenças sobre a gestão da sua pasta.

Javid, filho de um motorista de autocarros paquistanês, foi ministro do Interior, o primeiro de uma minoria étnica a chegar ao cargo, durante o governo conservador de Theresa May.

A saída do Hancock ocorre num momento em que o Reino Unido, que sofreu mais de 128.000 mortes, enfrenta um surto de infeções por coronavírus atribuídas à variante Delta, altamente contagiosa.

Responsável pelo combate à pandemia e em particular pela campanha nacional de vacinação, renunciou através de uma carta dirigida a Johnson.

“Devemos ser honestos com as pessoas que sacrificaram tanto nesta pandemia, quando os dececionamos, como eu fiz ao violar as determinações”, escreveu Hancock, de 42 anos.

“A última coisa que quero é que a minha vida privada desvie a atenção da abordagem que nos tira desta crise”, acrescentou.

“Ele pode deixar o seu posto com orgulho por tudo o que conquistou, não apenas face à pandemia, mas também antes que a covid-19 nos atacasse”, respondeu Johnson, que disse “lamentar” a renúncia do seu ministro.

O jornal The Sun publicou na sexta-feira uma imagem obtida de uma câmera de vigilância que mostrava Matt Hancock, casado e com três filhos, beijando a também casada Gina Coladangelo, uma amiga que conheceu na universidade e cuja nomeação para o ministério causou polémica.

Os factos ocorreram no gabinete do ministro no dia 6 de maio, quando o país estava submetido a regras de distanciamento social para evitar a disseminação do vírus, com multas aos cidadãos que não cumpriam as regras.

Hancock desculpou-se e o chefe do governo inicialmente mostrou o seu apoio e considerou o assunto encerrado.

Mas o Sun reforçou a pressão no sábado, publicando as fotos no seu site, e os apelos para a sua renúncia aumentaram, tanto dos partidos de oposição quanto do partido conservador no poder.

“Matt Hancock está certo em renunciar. Mas Boris Johnson deveria tê-lo demitido”, reagiu Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista de oposição, no Twitter.

“A inação do primeiro-ministro demonstra o total desrespeito deste governo pelo povo britânico”, lamentou o líder dos liberais democratas, Ed Davey.

Conflito de interesses?

Hancock já era alvo de outras acusações.

O Partido Trabalhista também denunciou o possível conflito de interesses que a nomeação de Coladangelo, que atualmente administra as relações com a imprensa de uma rede de lojas fundada pelo seu marido, pode causar.

Essa nomeação não foi declarada antes da revelação da imprensa.

Numa audiência parlamentar no mês passado, o polémico ex-conselheiro de Johnson, Dominic Cummings, acusou Hancock de ter “mentido” em várias ocasiões sobre como lidou com a crise de saúde e considerou que deveria ter sido “demitido” por ser inepto.

Também havia sido duramente criticado pela falta de material de proteção para os cuidadores no início da crise de saúde ou, posteriormente, pela opacidade em torno da adjudicação de determinados contratos públicos, em particular para familiares.

Hancock, formado pelas prestigiosas universidades de Oxford e Cambridge, assumiu o cargo em 9 de julho de 2018, tendo sido anteriormente chefe do Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte.

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