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“Não vamos ter a possibilidade de ter uma vida normal imediatamente”

O neurocientista português a viver nos Estados Unidos entrou num avião pela primeira vez em ano e meio para vir ao Porto e analisa como a covid-19 está a mudar a vida das pessoas, incluindo a sua. António Damásio fala do teletrabalho, das patentes das vacinas e também da relação entre pandemia e memória.

António Damásio, 67 anos, neurocientista, um estudioso do cérebro, dos processos que determinam as nossas emoções, os nossos sentimentos, a nossa consciência. Começou por escrever O Erro de Descartes, há já 26 anos. E, de então para cá, publicou vasta obra sobre o comportamento humano. Um trabalho com implicações em várias áreas do saber – não apenas na neurociência, também, por exemplo, na psicologia, na filosofia. Está no Porto para participar no primeiro evento anual da Fundação José Neves e fala aqui sobretudo sobre o impacto da covid-19.

Vive entre Portugal e os Estados Unidos. Como viu a forma como cada um dos países reagiu à pandemia, como a foi combatendo?
As reações foram muito diversas, e têm sido diversas dependendo do ponto da pandemia em que temos estado. Ao princípio, tenho a impressão de que a reação foi muito melhor aqui em Portugal e de modo geral na Europa. Os Estados Unidos são uma entidade muito grande, mas houve um menosprezar da gravidade do problema – tem que ver com os líderes – e isso, de facto, atrasou a atitude correta em relação ao problema da pandemia. Aqui na Europa parece que as coisas correram muito melhor e especialmente bem em Portugal. Tenho seguido com cuidado os números de pessoas infetadas, os números de pessoas com casos graves, e não há dúvida de que a reação aqui foi muito correta e que houve várias coisas muito bem feitas. Claro que também houve erros. Tem havido erros em toda a parte. É muito difícil de conciliar aquilo que são interesses sanitários com interesses sociais e políticos em geral, e especialmente tudo o que tem que ver com a economia é um problema grave, porque as pessoas sofrem imenso. Não só com a doença, mas com as consequências da doença em relação ao emprego, em relação a toda a espécie de empresas que não podem fazer o seu trabalho habitual. Há contrastes e há, depois, as coisas que são exatamente as mesmas, que têm que ver com a natureza humana e com o resolver bem ou mal um problema de completa modificação daquilo que é o dia-a-dia. E era um dia-a-dia que há muito tempo corria da mesma maneira e que não tinha sido interrompido nem por guerras graves nem por epidemias.

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