Os chimpanzés adotam formas de apertar a “mão” dependendo de seu grupo social, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira, que faz um balanço de 12 anos de observação do comportamento desses animais
Os chimpanzés são frequentemente considerados os primatas mais próximos dos humanos, graças à sua capacidade de realizar tarefas complicadas, como utilizar ferramentas.
Edwin van Leeuwen, um especialista em comportamento animal na Universidade da Antuérpia, na Bélgica, estudou dezenas de chimpanzés do orfanato Chimfunshi, na Zâmbia. Em particular, observou gestos manuais muito específicos e repetidos em dois grupos diferentes.
O gesto que eles usam, por exemplo, ao tirar piolhos um do outro, é diferente entre os participantes desses grupos: alguns estendem um dos braços sobre a cabeça e tocam o pulso ou a mão do companheiro, ou mesmo agarram esta mão, segundo estudo publicado na revista Royal Society Biology Letters.
Van Leeuwen notou que o aperto de mão foi “visivelmente mais pronunciado” em um grupo de chimpanzés do que no outro.
Ele também descobriu que as fêmeas são mais suscetíveis a segurar a mão do que os machos, que preferem segurar o pulso, sem dúvida para afirmar seu domínio.
“O fato de que eles desenvolveram hábitos diferentes em grupos diferentes mostra que eles adquirem esses hábitos socialmente em seu grupo”, explicou Leeuwen à AFP.
Segundo o estudioso, os chimpanzés parecem ter aprendido a praticar “até certo ponto” esses apertos de mão como uma espécie de ritual. “Eles estão integrados na interação social de dois indivíduos, estabelecendo uma conexão particular em uma atividade já íntima”, como o despiolhamento.
Para Van Leeuwen, é a prova da capacidade dos chimpanzés de preservar “uma estabilidade de tradições”. Um comportamento que nos humanos é chamado de persistência cultural.
Esse comportamento não pode ser explicado por razões genéticas ou ambientais, uma vez que a composição dos dois grupos era quase idêntica.
Em vez disso, ele considera que se trata do resultado de “uma característica comum da aprendizagem social”.