Palácio da Ajuda, em Lisboa, mostra desde hoje até 29 de setembro a vida política, mas também pessoal, da monarca portuguesa que nasceu no Brasil e que precisou que o pai ganhasse uma guerra civil para poder finalmente reinar.
Portugal só teve duas rainhas reinantes, a última delas D. Maria II, que também foi, sublinhe-se, a última mulher a desempenhar as funções de chefe do Estado. Nem a monarquia constitucional depois da morte dela em 1853, nem a República, nem o Estado Novo, nem a Democracia pós-1974 tiveram uma mulher como máxima representação do Estado”, afirma o historiador José Miguel Sardica, comissário da exposição “D. Maria II. De princesa brasileira a rainha de Portugal. 1819-1853”, que hoje abre ao público no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
D. Maria II é uma figura que viveu entre dois mundos, acrescenta o historiador, pois nasceu ainda no Absolutismo, subiu ao trono em 1834 numa época de compromisso mas já como monarca constitucional e morreu em 1853 quando o país, com o triunfo da chamada Regeneração, se aproximava politicamente do resto da Europa.
Se é preciso perceber o momento político para entender D. Maria II, desde logo ser brasileira de nascimento, uma carioca, por a corte se ter mudado para o Rio de Janeiro aquando das Invasões Francesas, esta não é uma exposição centrada na governante, mas na mulher. E por isso entre objetos expostos, além da coroa e do ceptro logo à entrada, brilham uma carta da amiga inglesa Vitória, que conheceu jovem, antes de qualquer delas ser rainha, o diário em que o marido, D. Fernando II, inscreveu a dor sentida na morte da amada, que não sobreviveu ao final da sua 11.ª gravidez, ou a cama que pertenceu a D. Leopoldina, a mãe. Também de grande valor simbólico é a bandeira azul e branca, as cores da monarquia constitucional, que costurou quando em Inglaterra esperava pela oportunidade de pôr pé em Portugal.
Leia mais em Diário de Notícias