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Mandetta aponta à CPI desprezo de Bolsonaro pela ciência, e Renan lista ‘revelações graves’

Renato Machado, Constança Rezende e Julia Chaib

Declarações de ex-ministro da Saúde, que falou em ‘assessoramento paralelo’ ao presidente e atacou Guedes, serão usadas por relator.

No primeiro dia de depoimentos na CPI da Covid, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou orientações do Ministério da Saúde baseadas na ciência para o combate à pandemia do coronavírus.

Em depoimento de mais de sete horas dado nesta terça (4) na comissão, Mandetta também avaliou que o mandatário adotou discurso negacionista que pode ter contribuído para espalhar mais rapidamente a Covid-19.

O ex-ministro, demitido por Bolsonaro em 16 de abril de 2020, contou que chegou a escrever uma carta ao presidente em defesa do isolamento, que foi entregue em uma reunião com outros ministros no Palácio da Alvorada. “Era muito constrangedor para um ministro da Saúde explicar que o ministro da Saúde estava indo por um caminho e o presidente por outro”, disse.

No documento obtido pela Folha, com a data de 28 de março do ano passado, Mandetta “recomenda expressamente” ao presidente que reveja o posicionamento adotado, acompanhando as recomendações do Ministério da Saúde, “uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população”.

As declarações do ex-auxiliar foram consideradas “relevantes” e graves pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e servirá para que ele verifique indícios de cometimento de crimes por parte de Bolsonaro.

Filiado ao DEM, Mandetta é cotado para a disputa ao Planalto em 2022 —ele foi um dos seis presidenciáveis que assinaram manifesto pela democracia em 31 de março, ao lado de Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB) e Luciano Huck (sem partido).

A intenção dos senadores ao interrogar Mandetta foi traçar uma linha do tempo —já que ele chefiou a pasta logo no início da pandemia— e verificar quais foram as interferências de Bolsonaro nas medidas para enfrentar o vírus.

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