A Embaixada da China em Luanda alertou na sexta-feira para surtos de infeção por covid-19 na comunidade chinesa em Angola, culpando a falta de cuidado de chineses já vacinados.
“Alguns compatriotas baixaram a guarda após a primeira dose [da vacina], diminuíram os cuidados na prevenção da pandemia, originando muitos casos confirmados e pequenos surtos”, lamentou a embaixada em comunicado.
Este fenómeno tem “colocado em risco a saúde e a vida” dos chineses que vivem em Angola, prejudicou o plano de vacinação da comunidade e até já impediu alguns chineses de regressar à China, por terem sido considerados contactos com exposição de alto risco, sublinhou a embaixada.
Entre 19 e 25 de abril, Angola registou mais oito cidadãos chineses com resultado positivo no teste do novo coronavírus, que provoca a covid-19, avançou na segunda-feira a embaixada. Existiam então 87 casos ativos na comunidade chinesa em Angola.
A China lançou em 07 de março a operação “Sementes da Primavera”, para vacinar os seus cidadãos no estrangeiro.
No dia 27 de março, a embaixada da China em Angola pediu a ajuda de instituições da comunidade no registo dos chineses que pretendessem ser vacinados.
Dois dias antes, Angola tinha recebido 200 mil doses, doadas pelo Governo da China, da vacina BBIBP-CorV contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica estatal chinesa Sinopharm.
Parte dessas doses foram usadas para iniciar a vacinação dos chineses em Angola, em 03 de abril, no Hospital Zhongtai, detido por uma empresa de capitais chineses, situado em Luanda.
Na altura, o embaixador chinês, Gong Tao, disse que a decisão foi consensual, após “comunicações intensas” com as autoridades angolanas.
A ministra angolana da Saúde, Sílvia Lutucuta, disse que Angola tinha decidido disponibilizar vacinas à comunidade chinesa devido “à amizade entre os dois países” e em reconhecimento da doação da China.
A vacina da Sinopharm “tem uma eficácia de 79 por cento, em alguns países um pouco mais alta”, disse a ministra em 25 de março, aquando da cerimónia de receção das vacinas.
O diretor do Centro de Controlo de Doenças da China, Gao Fu, admitiu em 11 de abril que a eficácia das vacinas chinesas contra a covid-19 “não tem taxas de proteção muito elevadas”.
A embaixada da China em Angola lembrou na sexta-feira que não existem ainda “dados científicos detalhados” sobre a eficácia da vacina da Sinopharm contra as variantes do coronavírus SARS-CoV-2 detetadas no Reino Unido e na África do Sul.
Dados de testes clínicos realizados na China e no estrangeiro já demonstraram bons resultados da vacina BBIBP-CorV contra estas variantes, disse em 29 de março Zhang Yuntao, vice-presidente do China National Biotech Group, subsidiária da Sinopharm.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.168.333 mortos no mundo, resultantes de mais de 150,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.