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Reutilização de livros como política ambiental, cultural e económica

Bebiana CunhaBebiana Cunha*

Comemora-se no dia 23 de abril o Dia Mundial do Livro, uma data simbólica para a literatura.

Este dia é uma oportunidade para lembrar o valor incalculável que os livros têm nas nossas vidas. Para quem teve garantido o acesso à maioria dos livros que gostaria de ler e pôde desenvolver o gosto pela leitura e as competências para o efeito, poderá certamente elencar muitos livros que entretiveram, permitiram momentos de lazer, de conhecimento, reflexão e que ajudaram na formação de competências, gostos e personalidades. E assim, ao longo da  vida, se utilizam livros e se usufrui deles.

Sabemos que a produção de qualquer bem exige dispêndio de energia e de recursos. Não nos podemos também esquecer que, em média, para produzir cerca de 7.500 folhas de papel é necessária uma árvore inteira. Nos tempos que correm já percebemos a importância da implementação dos 5Rs por esta mesma ordem de ideias: Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, e por isso falemos da realidade em Portugal sobre o que acontece aos livros quando se considera que já não têm uso. Desde logo, somos um dos países em que não se sabe o número de livros que, anualmente, são destruídos, nem tão pouco os doados. Em 2010, eram 100 mil os livros destruídos em Portugal, quantos serão em 2021?

Um estudo realizado em França mediu a pegada de carbono dos livros publicados pela Editora Hachette Livre no ano de 2008 e concluiu que foram emitidas 178.000 toneladas de dióxido de carbono (CO2) para produzir 163 milhões de exemplares publicados. Outra análise mostrou-nos que um livro pode produzir em média 7,46 Kg de CO2 durante a sua vida útil, incluindo todas as cadeias de produção, distribuição e venda.  Dados como estes mostram a importância de uma maior consciência e orientação para a prática da reutilização dos livros, ao invés de novas impressões. E para esta mudança, que pode passar pela nossa consciência individual em que podemos, por exemplo, doar livros que já lemos ou de que já não precisamos, deve também o Estado ser chamado a agir. Cabe ao Estado, precisamente, promover circuitos de circulação de livros usados e mecanismos de economia circular na indústria livreira e de circuitos na sociedade, assim como o incentivo à transição digital (e-book, audiobook). A reutilização de livros, por oposição à sua destruição, não só combate o desperdício como pode ajudar as editoras a superar as extremas dificuldades que têm enfrentado.

Os Dias Mundiais como este devem levar-nos a agir e, portanto, está lançado o repto ao Parlamento com uma iniciativa que pretende abrir caminho para a criação de uma estratégia que promova a reutilização dos livros e combata a sua destruição e desperdício.

*Deputada do PAN

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