O mundo superou a marca de um bilhão de doses administradas contra a covid-19 neste sábado (24), que, no entanto, continua deixando um recorde de mortes na Índia, com mais de 2.600 em 24 horas, e avançando em vários países latino-americanos.
Desde dezembro de 2019, a pandemia causou três milhões de mortes e infectou mais de 145 milhões de pessoas. Na sexta-feira, mais de 893 mil casos de coronavírus foram registrados em todo o mundo, um número diário de infecções recorde.
Para fazer frente a isso, os países lançaram campanhas massivas de vacinação há cinco meses e neste sábado o bilhão de doses administradas de vacinas anticovid foi ultrapassado, de acordo com uma contagem feita pela AFP.
No entanto, 58% dessas vacinas foram injetadas em três países: Estados Unidos (225,6 milhões), China (216,1 milhões) e Índia (138,4 milhões), segundo a contagem feita com fontes oficiais.
Israel é o país com o maior percentual de população totalmente vacinada, cerca de 60%, seguido pelos Emirados Árabes Unidos (mais de 51%), Reino Unido (49% com pelo menos uma dose), Estados Unidos (42%) e Chile (41%).
Apesar do avanço da vacinação, o coronavírus continua deixando registros de óbitos na Índia, onde emergem imagens dramáticas: pessoas morrendo nas portas de hospitais, crematórios saturados e uma grave falta de oxigênio.
Oficialmente, o número total de mortos é de cerca de 190.000 na Índia, onde vivem 1,3 bilhão de pessoas. Nas últimas 24 horas, também foram registrados 340 mil novos casos, o que eleva o número total de infecções em 16,5 milhões.
Nos últimos três dias, foram contabilizados mais de um milhão de novos casos. Uma nova variante e um festival religioso hindu que reuniu dezenas de milhares de pessoas em várias partes do país nos últimos dias explicam o agravamento da situação na Índia.
O governo central enviou trens especiais com oxigênio para hospitais localizados em regiões remotas, onde devem ser escoltados pelas forças da ordem, e estimula a produção de empresas locais, mas a situação não melhora.
Toques de recolher no Equador e Alemanha
O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou que nos países ricos uma em cada quatro pessoas é vacinada, enquanto naqueles com menos recursos apenas uma em 500 é imunizada.
E se o objetivo de todos é a imunidade coletiva em um planeta onde quase não há fronteiras, essa desigualdade pode custar caro.
No Equador, um dos países da América Latina mais afetados pela pandemia e onde quase 6.000 casos foram registrados em 24 horas, o governo impôs toques de recolher de 57 horas nos próximos quatro fins de semana para aliviar as infecções.
“O compromisso é ficar em casa. (…) Tudo estará fechado, faltam apenas dois dias, pedimos compreensão”, disse o presidente do Comitê de Operações de Emergência (COE), Juan Zapata.
Em contrapartida, a Cidade do México atingiu esta semana seu nível mais baixo no número de pessoas hospitalizadas pelo vírus desde abril do ano passado, informou o prefeito da capital mexicana neste sábado.
Na Alemanha, ao contrário do que acontece em outros países europeus onde as restrições começam a ser suspensas, o governo decidiu reforçá-las.
Neste sábado, várias medidas, como toques de recolher nacionais, entraram em vigor, após a adoção de uma nova lei muito polêmica que reforça o poder da chanceler Angela Merkel no combate à pandemia.
No entanto, o governo alemão também planeja afrouxar algumas restrições, como ir ao cabeleireiro ou fazer compras sem a necessidade de apresentar um teste de covid negativo para quem já foi vacinado.
No Reino Unido, milhares de pessoas protestaram no centro de Londres neste sábado contra o bloqueio e a possível introdução de um passaporte sanitário no país europeu com o maior número total de mortos na pandemia, cerca de 127.000.
A polícia espanhola denunciou, por sua vez, a prisão de um habitante de Maiorca que infectou 22 pessoas, depois de ter ido trabalhar e ir à academia apesar de apresentar sintomas de covid-19.